Por Rosana Andrade – correspondente de Portugal
Chega junho e já se nota o burburinho em Lisboa e arredores. É tempo das festas dos Santos Populares. As noites são animadas pelos tradicionais arraiais com fogueiras, marchas, arcos e balões a encher de cor os animados bailaricos (bailes populares). As ruas são invadidas pelo cheiro da sardinha assada e pelos aromas dos manjericos acompanhados de um cravo de papel e de uma quadra alusiva a Santo Antônio. Não falta também o caldo verde e bom vinho para acompanhar.
Um dos pontos altos dos festejos é no dia 12 de junho, em homenagem a Santo Antônio, padroeiro de Lisboa, ele que também é muito festejado no Brasil, bem como em vários outros países. Neste dia acontece o desfile das marchas populares na Av. da Liberdade, além de um casamento coletivo, onde 15 casais recebem as bençãos do santo. A festa se estende madrugada a dentro nos bairros típicos de Lisboa, do Castelo de São Jorge à Mouraria, Graça, Alfama, Ajuda e Bairro Alto, com muita música e dança ao ritmo das canções populares.
Na tarde do dia 13, como boa devota de Santo Antônio, fui acompanhar a procissão em sua honra. A imagem do santo saiu da Igreja da Sé e percorreu os arredores. Milhares de pessoas acompanhado, assim como eu, cada um levando seus agradecimentos, pedidos e muita fé. Em um determinado ponto do caminho, ouço um som bem familiar para nós baianos, um berimbau soava de longe, fazendo uma singela e tocante homenagem ao dono da festa.
Como Salvador tem muitas características parecidas com Lisboa, me senti um pouquinho pelas ruas do bairro do Santo Antônio Além do Carmo, onde acontece a procissão tradicional soteropolitana.
Além de fama de casamenteiro, Santo Antônio também pode ser considerado como o que recupera perdas. Assim como no trecho do seu responsório “Recupera-se o perdido, rompe-se a dura prisão, e no auge do furacão, cede o mar embravecido”. Que com suas bençãos possamos reforçar a esperança em um mudo melhor e que cada um possa recuperar o que de perdido fizer sentido para suas vidas. E salve Santo Antônio!