Intérpretes gravam clássico de Dalva de Oliveira, para o aguardado álbum de Alaíde em tributo à cantora, com produção de Thiago Marques Luiz
A diva da música brasileira Alaíde Costa e a consagrada cantora Maria Bethânia unem suas vozes em uma emocionante interpretação de Ave Maria no Morro, clássico eternizado por Dalva de Oliveira. Esta colaboração especial faz parte do próximo álbum de Alaíde, uma homenagem à lendária intérprete, produzido por Thiago Marques Luiz, que desde 2004 tem sido o empresário e produtor dedicado de Alaíde.
Realizar este álbum em tributo a Dalva de Oliveira sempre foi o maior sonho de Alaíde Costa, e finalmente, esse desejo será concretizado em 2025 em comemoração aos 90 anos de Alaíde, graças ao empenho incansável de Thiago Marques Luiz. “Eu sabia o quanto isso significava para a Alaíde, e fiz de tudo para que este projeto se tornasse realidade. Ver esse sonho dela sendo realizado é uma das maiores alegrias da minha vida”, declara Thiago Marques Luiz.
Para Alaíde Costa, o momento é de profunda emoção: “A Dalva sempre foi uma grande inspiração para mim, e poder gravar este álbum é a realização de um sonho que carrego há muitos anos. A presença de Bethânia nessa faixa é um presente que jamais esquecerei. É uma homenagem do fundo do coração.”
A gravação de Ave Maria no Morro aconteceu em uma data especial: 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, conferindo ainda mais significado a essa interpretação tocante. Acompanhadas pelo violonista João Camarero, Alaíde e Bethânia trazem uma leitura profunda e intimista do clássico, unindo suas trajetórias brilhantes em uma faixa que promete ser um dos momentos mais marcantes do álbum.
Este trabalho não apenas homenageia a inigualável Dalva de Oliveira, mas também exalta a capacidade de Alaíde Costa de realizar um sonho de longa data, reunindo grandes nomes da música para celebrar o legado de Dalva. O álbum, aguardado com grande expectativa, promete ser um marco tanto na carreira de Alaíde quanto na preservação da história da música popular brasileira.
Sobre Alaíde Costa
Era início da década de 1950 em Água Santa, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, quando uma adolescente colava os ouvidos no aparelho de rádio, atenta, esperando a voz de Silvio Caldas entoar “Noturno em Tempo de Samba”. Ao ouvir os primeiros versos, parava para anotar a letra e memorizar a melodia. Quando aprendeu a canção, decidiu: iria ao programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi, para apresentá-la.
Não era a primeira vez de Alaíde Costa em um palco. Aos 11, seu irmão mais velho (Adilson, que se tornou jogador de futebol) a havia convencido a se apresentar em uma sessão para cantores amadores no circo montado no bairro, dizendo à garota tímida que, caso não fosse, a polícia iria buscá-la.
Dali em diante, a menina que gostava de cantarolar — mas achava que seria professora — passou a ser inscrita pelos vizinhos em toda oportunidade que aparecia, já que ganhava os prêmios. Aos 16, apaixonada pela canção cheia de climas interpretada por Caldas, resolveu ir se apresentar por conta própria. A escolha da música, a audição cuidadosa em casa e a interpretação lhe renderam nota máxima. “Aí tomei gostinho”, conta.
Aos 88 anos, uma das maiores vozes da música brasileira é também uma artista que sempre se guiou pelo que quis fazer e pelo que acreditava fazer melhor, o que não foi fácil. “Ah, mas você é negra, tem que cantar uma coisa mais animadinha, sabe? Um sambinha”, ouvia. “Me recusei a entrar nessa porque não daria certo”, afirma, categórica. Seu primeiro álbum foi lançado dois anos antes de “Chega de Saudade” (1958), música que marca o início da bossa nova, mas só recentemente ela passou a ser reconhecida entre os grandes nomes do gênero — assim como Johnny Alf, precursor do estilo e, não por acaso, também negro. Durante a carreira, teve grandes parceiros musicais como o próprio Johnny Alf, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto, Milton Nascimento, Oscar Castro Neves, entre outros.
Apesar dos infortúnios, a cantora continua ativa, defendendo a Bossa Nova, colecionando reconhecimentos e celebrando novas parcerias. Em 2020, seu talento como intérprete lhe rendeu o Troféu Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante, no Festival de Gramado. Alaíde se tornou a artista mais velha a ser laureada com o prêmio.
Em um show que homenageou João Gilberto em abril de 2023, em São Paulo, falou: “Vou fazer 88 anos, tenho 70 de carreira, e olha que loucura: as pessoas me descobriram agora!”. Alaíde nunca parou de cantar, nunca ficou sem gravar (são mais de 20 discos) ou se apresentar em shows. Alaíde é uma das poucas artistas vivas que passou por todos os formatos de mídia – desde o 78RPM, LP, K7, CD e agora o streaming. Nos últimos anos, parcerias deram novo vigor a uma carreira cheia de coerência artística. Em 2022, lançou “O que meus calos dizem sobre mim”, produzido por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, álbum que terá segundo volume em 2024 — eleito o melhor lançamento fonográfico de MPB no 30º Prêmio da Música Brasileira, com a cantora aplaudida de pé por todo o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em maio de 2023, Alaíde se apresentou em Portugal com a Orquestra de Jazz do Algarve sendo um grande sucesso de crítica e público além mar. Além disso, se apresentou no Carnegie Hall em Nova Iorque em outubro de 2023, no show The Greatest Night Bossa Nova em comemoração aos 60 anos da Bossa Nova, no qual foi aplaudida de pé por mais de cinco minutos. Em novembro de 2023 foi agraciada com o Troféu Raça Negra como melhor cantora do ano.
Em fevereiro de 2024 lançou o álbum “Pérolas Negras” ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta no qual Alaíde transforma o sucesso de Salgadinho “Recado à minha amada” em uma bossa nova dos tempos modernos.
Alaíde Costa lançou em 19 de julho o segundo disco da trilogia produzida por Emicida, Pupillo (Nação Zumbi) e Marcus Preto, intitulado “E o tempo agora quer voar”. Acabou de gravar, ao lado de Guilherme Arantes, o grande sucesso do compositor, “Meu mundo e nada mais”, que já está disponível em todas as plataformas digitais. Está em turnê por todo o Brasil com três shows: “E o tempo agora quer voar”, com o repertório do último disco, “Alaíde canta Domingo de Gal Costa e Caetano Veloso” e “Pérolas Negras”, no qual se apresenta ao lado das amigas Eliana Pittman e Zezé Motta.
Ficha técnica:
Ave Maria no Morro com Alaíde Costa & Maria Bethânia
Produzido por Thiago Marques Luiz
Violão: João Camarero
Gravado no estúdio Biscoito Fino (RJ) em 12 de outubro 2024