A artista visual apresenta mundos inventados na exposição Alvoroço dos encontros mínimos
A natureza é o que comove e inspira a artista visual Alzira Fonseca. A terra que desce do barranco, as folhas carregadas pelas formigas, a elasticidade das teias das aranhas, os formatos dos casulos, as sementes apanhadas no chão… nada escapa ao olhar atento e sensível da artista que vive entre Salvador, Chapada Diamantina e litoral sul da Bahia. Em caminhos que a levam para perto da natureza e a trazem para o movimento da metrópole, ela entrelaça desenho, pintura e bordado em peças de cerâmica, tecido e papel, criando seres inventados. As obras integram sua primeira exposição individual, Alvoroço dos encontros mínimos, que será inaugurada no dia 3 de agosto e prossegue aberta até 31 de agosto, em A Galeria, no Ativa Atelier Livre, no Rio Vermelho.
Alzira encontra em seus trabalhos a possibilidade de invenção de novos mundos. Sua proposta é provocar o olhar para as coisas pequenas que necessitam proximidade, intimidade, atenção. Ela chama de caminho de retorno o que consiste em uma trama pessoal de idas e vindas entre a cidade e a floresta. “Experimentar a vida de corpo inteiro com a natureza atende à demanda urgente de florestar-me. As paixões que brotam a partir dessa escolha me revelam o poder dos afetos como ferramenta de resistência às densidades do sistema opressor capitalista patriarcal”, relata a artista, que tem como referência as questões que envolvem o feminino.
Artista visual, formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, 2022 (sua primeira graduação foi em engenharia civil, em 1986), Alzira transforma, em sua prática artística, o barro e, ao mesmo tempo é transformada por ele, pontua o curador da mostra, João Gravador. “Suas obras emergem de um processo artístico meditativo, conectando intimamente a natureza e o ser. As escolhas artísticas de Alzira não são apenas estéticas, mas também éticas – cada ação e decisão sua, contribui para a criação de uma narrativa pessoal coerente com práticas de ateliê que encontram ecos em sua vida e vice-versa”, reforça João Gravador.
Trabalhos e trajetória
A mostra Alvoroço dos encontros mínimos propõe um diálogo com a natureza. É uma exposição que desafia o público a contemplar a ligação entre a terra e a vida, e a redescobrir o extraordinário no ordinário. O trabalho O prazer nas pequenas coisas apresenta pequenas esferas de argila que se reproduzem e se avolumam pelo espaço expositivo. Já a obra O intraduzível risco de sonhar é formada por uma ‘cama’ de terra com travesseiros de cerâmica, abordando a impermanência, o ciclo da vida e a íntima ligação entre o corpo e a terra. Um jardim para desestranhar o mundo, Aprendendo com o gesto da semente, Método para soltar tudo e ainda uma instalação sem título também integram a exposição.
Alzira Fonseca pesquisa técnicas distintas para expressão da sua poética, com imersões na natureza em suas dimensões materiais e espirituais. Ela faz experimentações tridimensionais em cerâmica, e simultaneamente elabora composições mistas de desenho, pintura e bordado em tecido e papel. Participou das exposições coletivas Casa de Mulheres no MAM (2024), (I Mostra de Processos Criativos do Ativa Atelier Livre (2022), Mouraria 53 Site Specific (2020) e Orientedesoriente (2019). E realizou cursos de desenho e gravura em metal no MAM-BA (2012), oficinas de ilustração em São Paulo e Salvador (2013-2016) e Fondazione Štĕpán Zavřel em Sarmed, Itália (2017).
SERVIÇO
Exposição: Alvoroço dos encontros mínimos
Artista: Alzira Fonseca
Local: A Galeria, Ativa Atelier Livre, rua Tupinambás, 423, Rio
Vermelho
Abertura: 03/08, 16h
Visitação: 03/08 até 31/08
De quarta a sexta das 15h às 19h
Sábados das 9h às 12h
Para outros dias e horários agendamento pelo e-mail: ativa.atelier@gmail.com