Que ideias, impressões, intenções e sentimentos povoavam as mentes de importantes artistas no momento da criação de obras consagradas? A correspondência íntima trocada entre eles e seus pares da música, das artes plásticas, das letras e do audiovisual pode ser reveladora em muitos casos. Produção original do Curta!, a série inédita “Caixa Postal” estreia com exclusividade no canal, contando algumas dessas histórias presentes em mensagens privadas, à época em que foram escritas, transformadas pelo tempo em registros históricos. A direção é de Letícia Simões e Hilton Lacerda.
O primeiro dos sete episódios, “Viagem – Graciliano Ramos e Dalcídio Jurandir”, resgata a visita deles à União Soviética em 1952. Escritores de notável sensibilidade social, ambos integraram uma das comitivas de artistas montadas pelo Partido Comunista Russo para conhecer o país durante as comemorações do Dia do Trabalho, em 1º de Maio. As impressões de Graciliano, autor de “Vidas Secas” e “Memórias do Cárcere”, são descritas em “Viagem”, obra póstuma publicada em 1954. São relatos em forma de diário nos quais o alagoano narra suas descobertas sobre as formas de organização daquela sociedade, sempre resistindo às pressões para transformar sua literatura em instrumento de propaganda política.
A perspectiva de justiça social presente tanto nas obras de Graciliano quanto de Dalcídio, autor de “Chove Nos Campos de Cachoeira”, foi tema da correspondência entre os dois.
“Graciliano Ramos, muito me alegrei com a sua carta. Me animou muito nesse fim de cafundó. Espero que seu livro tão cacete, porque está demorando muito a sair, seja uma etapa superior na sua carreira de romancista. Curioso é, que há um processo (para melhor) — no sentido que eu quero dar — em todos os romancistas de primeira. O Lins (José Lins do Rego) começou em ‘Menino’ um curso de evolução literária até ‘Banguê’ e ‘O Moleque Ricardo’, de incalculável expressão social. Você está sofrendo o mesmo processo. ‘Caetés’ é tão anterior a ‘São Bernardo’! A respeito de você, estou com Jorge Amado. Você é um criador de tipos dos maiores no Brasil”, diz o paraense em uma das missivas.
Além da leitura dramatizada dos textos e mensagens trocadas, a série traz pesquisadores e professores para comentar e contextualizar o diálogo entre os artistas e a produção das obras.
A série também trará capítulos inéditos sobre o diálogo entre Vinícius de Moraes e Chico Buarque em torno da letra de “Valsinha”, delicada canção da dupla e uma das obras-primas do aclamado disco “Construção”, lançado por Chico em 1971; a amizade e o intercâmbio artístico entre o cineasta Neville d’Almeida e o artista plástico Hélio Oiticica, origem do ousado “Mangue Bangue” (1971), longa de Neville rodado com parcos recursos, que permaneceu perdido por anos após sua première no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Correspondências entre Lygia Fagundes Telles e Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu e Maria Adelaide Amaral, Lygia Clark e Hélio Oiticica e Murilo Rubião e Otto Lara Resende também serão apresentadas na série.
“Caixa Postal” é uma produção da Pacto Filmes viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série também pode ser assistida no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br) um dia depois da estreia no canal. A estreia é no dia temático Quintas do Pensamento, 12 de setembro, às 21h30.
‘Política e Ativismo’, episódio inédito da série ‘Potências da Imagem’, debate o valor do registro e da arte na construção da sociedade
As produções visual e audiovisual são importantes ferramentas na construção de registros sociais ao redor do mundo. Mas, o que fazer quando esse recurso privilegia apenas uma realidade? Em “Política e Ativismo”, episódio inédito da série “Potências da Imagem”, produção original do canal Curta!, os diretores Eduardo Goldenstein e Evângelo Gasos entrevistam artistas e especialistas que discorrem sobre o uso da imagem como ferramenta de luta, militância e resgate cultural.
Em um quilombo localizado na Amazônia, um artista usa fotografias e montagens para recuperar sua própria história. É o quilombola Joelington Rios, autor da série fotográfica “Entre Rios e Mocambos”, com a qual reafirma sua essência através de um trabalho que detalha sua origem.
“Eu tive a minha história brutalmente estraçalhada, como qualquer pessoa que seja de comunidade indígena, quilombola. Então, eu tenho feito esse resgate no sentido de mostrar outras possibilidades”, explica ele.
O uso da fotografia documental possui grande valor nesse processo, mas também requer certos cuidados, como destaca a artista e fotógrafa Ana Lira. “Eu sempre tentei não responder ou não reproduzir os esquemas dessa fotografia documental tradicional que trata o fotógrafo como grande anunciador e lhe permite ocupar qualquer espaço de qualquer forma”, enfatiza.
O episódio traz ainda comentários dos filósofos Rodrigo Nunes e Rodrigo Guéron e do professor Jorge Vasconcellos, que investigam o uso das imagens no ativismo e como isso afeta positiva e negativamente o comportamento humano. A série documental é dividida em cinco episódios de 26 minutos e investiga manifestações da produção de imagens relacionadas a aspectos contemporâneos da cultura visual em nossa sociedade. São eles: “Política e Ativismo”, “Sagrado”, “Ciência e Tecnologia”, “Vigilância” e “Corpo”.
“Potências da Imagem” é produzida pela Aion Filmes e viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A produção também pode ser vista no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial (CurtaOn.com.br) um dia depois da estreia no canal. A estreia é no dia temático Terças das Artes, 10 de setembro, às 22h.
Segundas da Música – 09/09
22h30 – “Damas do Samba” (Documentário)
O filme provoca uma reflexão sobre o papel da mulher no samba. Mulheres que são pastoras, compositoras, passistas, musas, tias, intérpretes e muitas outras mulheres que fazem parte da construção de uma identidade nacional mestiça. Uma retrospectiva do samba ao longo da história com enfoque no papel das mulheres em sua construção e composição. Direção: Susanna Lira. Duração: 75 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 10 de setembro, terça-feira, às 2h30 e às 16h30; 11 de setembro, quarta-feira, às 10h30; 14 de setembro, sábado, às 22h e 15 de setembro, domingo, às 16h20 e 16 de setembro, segunda-feira, às 0h45.
Terças das Artes – 10/09
20h30 – “Brasil Visual – 2ª Temporada” (Série) – Episódio: “Corpo Máquina” – INÉDITO E EXCLUSIVO
Nas proposições – visuais, sonoras e verbais – de Corpo Máquina, a indistinção humano-máquina não resvala em um apaziguamento dos conflitos. Diante da simbiose, o artista parece residir na sua capacidade de desfuncionalizar o trabalho da máquina, expondo as discriminações da inteligência artificial e do seu impacto em países que coexistem com a subalternização do trabalho. Direção: Rosa Melo. Duração: 26 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 11 de setembro, quarta-feira, às 0h30 e às 14h30; 12 de setembro, quinta-feira, às 8h30; 14 de setembro, sábado, às 19h; 15 de setembro, domingo, às 10h30.
22h – “Potências da Imagem” (Série) – Episódio: “Política e Ativismo” – INÉDITO E EXCLUSIVO
A imagem e o clichê na colonização do imaginário. Agenciamentos coletivos e vozes periféricas na construção política do cotidiano. Entre o quilombo e a cidade uma subjetividade artística se constitui. Direção: Eduardo Goldenstein e Evângelo Gasos. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 11 de setembro, quarta-feira, às 2h e às 16h; 12 de setembro, quinta-feira, às 10h; 14 de setembro, sábado, às 20h30; 15 de setembro, domingo, às 12h.
Quartas de Cena e Cinema – 11/09
21h30 – “No Intenso Agora” (Documentário)
Documentário político que justapõe, através de imagens de arquivo, uma série de acontecimentos diferentes da década de 1960, como: a revolta estudantil em Paris, a Primavera de Praga, em meio à dominação da União Soviética, e a China de 1966 sob o regime de Mao. Esses episódios históricos foram presenciados e filmados pela mãe do diretor João Moreira Salles, que os reuniu neste filme. Direção: João Moreira Salles Duração: 127 min Classificação: 12 anos Horários alternativos: 12 de setembro, quinta-feira, às 1h30 e às 15h30; 13 de setembro, sexta-feira, às 9h30; 15 de setembro, domingo, às 14h.
Quintas do Pensamento – 12/09
21h30 – “Caixa Postal” (Série) – Episódio: “Viagem – Graciliano Ramos e Dalcídio Jurandir” – INÉDITO E EXCLUSIVO
Opostos complementares no panorama da literatura realista brasileira. O primeiro, Graciliano Ramos, de Alagoas, é árido, sertanejo e preciso. O segundo, Dalcídio Jurandir, do Pará, é aquático, caboclo e mítico. Contudo, eram ambos amigos e entusiastas um do outro. Talvez exatamente por isso: por serem diferentes dentro de um contexto literário diverso, como é o brasileiro. Direção: Hilton Lacerda e Leticia Simões. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 13 de setembro, sexta-feira, às 1h30 e às 15h30; 14 de setembro, sábado, às 19h30; 15 de setembro, domingo, às 11h e 16 de setembro, segunda-feira, às 9h30.
Sextas de História e Sociedade – 13/09
22h20 – “1968 – Um Ano na Vida” (Documentário)
Fatos da vida em 1968, alguns lembrados, outros esquecidos. Através dos escritos do diário de Silvia Escorel, vemos como mês a mês, de janeiro a dezembro, eventos que marcaram época intercalados com experiências pessoais de quem viveu as demandas daquele momento com a intensidade própria dos seus vinte e poucos anos. Direção: Eduardo Escorel. Duração: 91min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 14 de setembro, sábado, às 2h20 e às 16h30; 15 de setembro, domingo, às 20h25; 16 de setembro, segunda-feira, às 16h20; 17 de setembro, terça-feira, às 10h20.
Sábado – 14/09
23h30 – “Grandes Cenas” (Série) – Episódio: “Os Cafajestes”
O diretor Ruy Guerra revela as razões que o levaram a filmar o longo travelling circular na cena da praia em “Os Cafajestes” (1962), um dos planos mais memoráveis do cinema brasileiro, que leva a personagem e o espectador ao limite do suportável. Direção: Ana Luiza Azevedo e Vicente Moreno. Duração: 16 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 15 de setembro, domingo, às 19h.
Domingo – 15/09
22h – “Biocêntricos” (Documentário)
Como você reinventaria o seu mundo tendo a natureza como modelo? Essa e outras provocações são respondidas através do olhar e da voz da bióloga e biomimetista Janine Benyus. Percorrendo diversos cantos do planeta, Janine revela o nascimento e os princípios que orientam a biomimética: uma metodologia transdisciplinar de inovação tecnológica que busca soluções para nossos problemas, por meio da observação e da inspiração da natureza e do planeta Terra. Direção: Fernanda Heinz Figueiredo e Ataliba Benaim. Duração: 108 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 16 de setembro, segunda-feira, às 10h.