Doris Pinheiro
Criado em 2019 pela cineasta Sol Moraes e produzido pela Araçá Filmes, hoje uma produção da Água Doce Produções, o Cineclube GeraSol retoma suas atividades em 2025 com uma nova fase marcada pela criatividade, pelo afeto e pelo engajamento cultural.
Com encontros mensais e gratuitos até agosto deste ano, o projeto reafirma seu propósito de ser mais do que um espaço de exibição: é um verdadeiro ponto de encontro entre filmes, histórias e pessoas.
A nova etapa do Cineclube acontece como contrapartida do Festival Os Filmes que Eu Não Vi, e tem como missão resgatar e valorizar obras do cinema nacional, promovendo experiências transformadoras e diálogos sensíveis com o público. Para celebrar esse recomeço, uma programação especial foi preparada para o sábado, 12 de abril, na Sala de Cinema Walter da Silveira, em Salvador – agora revitalizada e pronta para acolher públicos de todas as idades.
Pensando também nos pequenos cinéfilos, a estreia dessa nova fase trará uma seleção especial de filmes voltada ao público infantil, celebrando a diversidade e a magia do cinema desde cedo. Conversamos com Sol Moraes, cineasta à frente do projeto Os Filmes que eu Não vi e Cineclube GeraSol.

Sol Moraes
Doris Pinheiro – O Cineclube GeraSol foi criado em 2019 e ressurge em 2025 renovado. O que mudou?
Sol Moraes – Mudou o comando da gestão, mudou o local e mudou também o conceito. O Cineclube foi pensado por mim e por meu marido, porque a ideia era termos um centro cultural. Com a morte dele eu parei por um ano, voltando em 2009 pensando em ocupar a cabeça para o coração doer menos.
Em 2019 a Araçá contatou uma equipe que abraçou o Cine GeraSol e foi lindo, tínhamos feira, música. Começou na Tropos e depois fomos para o Beco dos Artistas no Meu Bar seu lugar.
Mas hoje o projeto está na gestão da Água Doce e ressurge como contrapartida aos Filmes que eu não vi. E resolvemos focar no audiovisual especificamente, trabalhando o público infantil e adulto. A Contação de histórias é uma forma de envolver o público no mundo da literatura e aguarda o filme. Na exibição para adultos será seguido de debates com os realizadores que puderem comparecer
DP – O que você pretende com o Cineclube?
SM – Em primeiro lugar falar de cinema, literatura, arte, formas de ver o mundo. E claro, divulgar os filmes, trazer o público para o debate com temas diversos, os profissionais, e falar de estética, narrativa, linguagem.
Qual o propósito o projeto Os Filmes que Eu não Vi?
Os Filmes que eu não vi é um projeto único no Brasil, tendo em vista não só a singularidade do projeto, mas a sua uma criatividade inédita, que tira do limbo projetos que não tinham mais esperança de exibição. E por ser um projeto nacional, traz a identidade de cada território e a diversidade cultural da nossa cultura através do cinema.
Que vitórias o projeto Os Filmes que Eu não Vi conseguiu até agora?
O projeto “Os Filmes que eu não vi” é de extrema relevância no contexto sócio cultura, pois tem exatamente como foco o desenvolvimento da arte cinematográfica, e, através da parceria CINEBRASILJÁ provoca a dinamização de uma rede produtiva e remunerada que foi pensada para abrir caminhos para a visibilidade aos filmes não distribuídos.
E quais são os planos futuros?
Seguir com o projeto “Os filmes que eu não vi”. Estamos preparando a próxima edição. Viver o “Cine GeraSol” como um local do pensamento; fazer a Oficina, “Engenharia da Produção”, que será em julho; fazer minhas consultorias como produtora criativa e de impacto.

Pequeno Dicionário de Erê
Em um dia dedicado ao cinema como linguagem de encantamento e reflexão, o projeto oferece duas sessões que unem arte, cultura e encontro. Veja a programação:
🌞 Manhã Lúdica para os Pequenos – A partir das 10h
O dia começa com uma experiência mágica para o público infantil. A partir das 10h, a contadora de histórias e pesquisadora da tradição oral Danielle Andrade dá as boas-vindas com uma sessão especial de contação de histórias que promete envolver as crianças em narrativas sensíveis e inspiradoras.
Às 11h, três curtas-metragens infantis tomam a tela em uma seleção cuidadosamente pensada para ampliar o imaginário, promover diversidade e celebrar nossas tradições:
- Caçadores de Saci (13 min | Ficção | Dir. Sofia Federico – BA)
Um saci arteiro transforma a rotina de uma família em um divertido caos rural. - Berimbau e Dendê (10 min | Ficção | Dir. Anderson Lima – MG)
Uma tocante história sobre preconceito e o poder da cultura afro-brasileira. - Pequeno Dicionário de Erê (10 min | Documentário | Dir. Anderson Lima – MG)
Luan, de 9 anos, apresenta com leveza e poesia palavras do universo do Candomblé.
🎬 Tarde de Cinema para Todos – A partir das 15h
À tarde, o cinema se expande para todos os públicos com obras que emocionam, provocam e dialogam com o Brasil profundo. A Mostra Adulta reúne curtas de forte carga simbólica, estética e afetiva, seguidos por rodas de conversa com realizadores e convidados.
- Pelas ondas lambem-se as margens (8 min | Documentário | Dir. Hyndra – BA)
Um mergulho poético sobre o feminino através dos cartazes do cinema brasileiro. - Pedra Preta (21 min | Ensaio cinematográfico | Dir. Fabrício Ramos e Camele Queiroz – BA)
Uma jornada entre memórias, cinema e afetos que conectam o sertão ao mar. - O Homem que Virou Castanha (15 min | Ficção | Dir. Natan Fox – BA)
A saga de um vendedor de castanhas que busca vencer no meio do desemprego urbano.
O projeto é realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, com apoio do Ministério da Cultura e Governo Federal.
Serviço
O quê: Retorno do Cineclube GeraSol – Sessão especial de reabertura
Quando: Sábado, 12 de abril de 2025
Onde: Sala de Cinema Walter da Silveira – Salvador (BA)
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre

Sala Walter da Silveira
Saiba mais sobre o projeto “Os Filmes Que Eu Não Vi”
Idealizado por Sol Moraes e com produção da Água Doce Produções, o projeto “Os Filmes Que Eu Não Vi” surge como uma poderosa iniciativa de valorização e democratização do cinema nacional. Com foco em dar visibilidade a produções brasileiras independentes que enfrentam desafios de distribuição, o projeto cria novas conexões entre obras, realizadores e público, promovendo um olhar mais atento e sensível sobre a diversidade e a riqueza do audiovisual brasileiro.
Em janeiro de 2025, o projeto ganhou força com a realização da primeira edição do Festival Os Filmes Que Eu Não Vi, que movimentou a cena cultural de Salvador com uma intensa programação de cinco dias. O evento reuniu filmes de todas as regiões do país, oferecendo um panorama amplo e plural do cinema contemporâneo. Além das exibições e premiações, o festival promoveu mesas de debate com temas relevantes como produção, distribuição e os desafios da exibição cinematográfica no Brasil.
Um dos destaques do projeto é o investimento na revitalização de importantes salas de cinema da capital baiana, por meio de financiamento da Lei Paulo Gustavo via edital da SECULT/FUNCEB/DIMAS. Foram contempladas a Sala Walter da Silveira e a Sala Alexandre Robatto, que receberam novos equipamentos de som e projeção, além de melhorias na acessibilidade, como a instalação de piso tátil.
A Sala Walter da Silveira, agora equipada com o sistema de som Surround 7.1 — único na Bahia —, oferece uma experiência sonora imersiva e de alta qualidade, reposicionando-se como um verdadeiro polo cultural. O espaço reaberto será palco para exibições, cursos, seminários e palestras, consolidando-se como um centro ativo de difusão audiovisual.
Ampliando sua atuação para o meio digital, o projeto firmou parceria com a plataforma CINEBRASILJÁ, uma cinemateca virtual que disponibiliza filmes brasileiros fora do circuito comercial, garantindo acesso contínuo à produção nacional e fortalecendo sua presença em novos públicos.