As festas juninas, uma das celebrações mais tradicionais do país, movimentam muito mais do que cultura e alegria: em 2025, a expectativa é que o evento gere cerca de R$ 7,4 bilhões para a economia brasileira. Segundo uma pesquisa da CNN Brasil, esse impacto significativo perpassa setores como comércio, turismo, vestuário, alimentação e serviços temporários, e ocorre principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde as celebrações de Santo Antônio, São João e São Pedro atraem multidões e impulsionam a economia local.
Comércio local é o motor das festas juninas
O comércio varejista é um dos maiores beneficiados com as festas juninas. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) indicam que supermercados, mercearias e atacadistas registram aumento nas vendas nos dias que antecedem as festas, atendendo tanto consumidores finais quanto organizadores de eventos comunitários, como igrejas, escolas e clubes.
Além dos alimentos típicos, o setor de vestuário também ganha força com a venda de roupas tradicionais, como camisas xadrez, chapéus e outros acessórios característicos. Pequenos empreendedores, costureiras e artesãos aproveitam a demanda sazonal para ampliar sua renda, fomentando a economia local e reforçando a cadeia produtiva artesanal.
Turismo e serviços celebram e geram renda
Cerca de 65% dos brasileiros participam das festas juninas, segundo levantamento do Instituto Opinion Box para a Serasa. Enquanto a maioria festeja em suas próprias cidades, uma parcela significativa viaja para destinos que realizam festas maiores e mais tradicionais, como Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
Esse fluxo de turistas aquece setores como hotelaria, transporte, restaurantes e comércio local, tornando as festas uma importante fonte de geração de emprego temporário e renda. As celebrações que duram semanas funcionam como motor econômico para muitas dessas cidades, fortalecendo as economias regionais.
A importância da economia informal e microempreendedores
As festas juninas representam também uma oportunidade crucial para trabalhadores informais, que ampliam seus ganhos ao vender comidas típicas, roupas, artesanatos e prestar serviços durante os eventos. Conforme destaca a Federação do Comércio, esse momento reforça a economia informal, mas também evidencia a necessidade de políticas públicas e privadas que incentivem a formalização e o empreendedorismo local.
Muitos desses microempreendedores utilizam a renda extra para quitar dívidas, pagar despesas básicas e investir em seus negócios, criando um ciclo virtuoso de geração de oportunidades.
Tecnologia e inovação para potencializar a economia das festas
Especialistas apontam que o uso de ferramentas digitais pode ampliar ainda mais os resultados econômicos das festas juninas. Adoção de tecnologias como geolocalização, análise de dados de consumo, pagamentos digitais e marketing segmentado tornam a experiência dos consumidores mais prática e atraente.
Feiras e eventos ganham com cardápios digitais, comunicação nas redes sociais e ambientação temática que atraem visitantes. A colaboração com influenciadores regionais, chefs de cozinha e artesãos ajuda a valorizar a autenticidade das festas e atrair público qualificado.
Segundo Renato Avelar, co-CEO da empresa de tecnologia A&EIGHT, “o uso de dados permite criar ofertas mais relevantes e conteúdo que ressoa com o público, aumentando a conversão e a satisfação do consumidor”.
Projeções e desafios para o futuro
De acordo com a professora Cristina de Mello, da PUC-SP, a cadeia econômica das festas juninas é extensa, abrangendo desde turismo até economia criativa, e tem forte impacto social ao gerar empregos temporários e renda para pessoas com baixa qualificação educacional, sobretudo no Nordeste.
Já Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomércio São Paulo, reforça que o comércio alimentício é o principal motor econômico, seguido pelo setor têxtil e de vestuário.
Os especialistas concordam que, apesar do impacto expressivo, o potencial de crescimento ainda é grande, especialmente se houver mais investimentos em infraestrutura, parcerias com marcas e maior incorporação de tecnologia. O desafio está em equilibrar a tradição cultural com as demandas modernas dos consumidores.
Para isso, recomenda-se que as cidades criem calendários anuais de eventos que mantenham a economia ativa durante o ano todo, aproveitando o potencial turístico e comercial das festas.
O impacto regional e social das festas juninas
Nas regiões Nordeste e Norte, onde as festas têm raízes profundas e longa duração, o impacto econômico é ainda mais evidente. Cidades como Campina Grande e Caruaru são exemplos de destinos que dependem significativamente das festas juninas para movimentar a economia local.
A movimentação financeira ajuda a reduzir desigualdades regionais e promove o desenvolvimento de micro e pequenos negócios, ampliando a inclusão econômica.