Notícias sobre o conflito entre Israel e Irã acendem o alerta sobre o peso emocional que guerras distantes exercem sobre jovens conectados o tempo todo. Especialistas defendem o papel da escola como espaço seguro de escuta, informação e formação de pensamento crítico.
Por mais que pareça distante geograficamente, a guerra entre Israel e Irã chegou às telas de adolescentes brasileiros em tempo real. Com celulares nas mãos e redes sociais pulsando imagens, opiniões e informações desencontradas, os jovens absorvem os impactos emocionais de conflitos que, muitas vezes, nem compreendem completamente. E isso não é pouca coisa.
“Hoje, o que acontece em qualquer lugar do mundo chega com força à mente de crianças e adolescentes. São imagens, vídeos e manchetes que causam medo, indignação, ansiedade. Precisamos ajudar esses jovens a entender o que estão vendo e, mais importante, como lidar com isso emocionalmente e criticamente”, explica Valma Souza, diretora do PB Colégio e Curso e mãe de uma criança em idade escolar.
Segundo um levantamento recente do Pew Research Center, 48% dos adolescentes acreditam que as redes sociais têm um efeito principalmente negativo sobre a saúde mental de pessoas da sua idade. Em tempos de guerra, como os embates entre Israel e Irã ou outros conflitos globais, essas informações chegam sem filtros e, muitas vezes, sem contexto, intensificando a sensação de medo, impotência e insegurança entre os jovens.
Quando a guerra afeta a saúde emocional
O consumo constante de conteúdos relacionados a guerras pode provocar sintomas como insônia, falta de concentração, irritabilidade e até sensação de impotência. “Há um sentimento de que o mundo está desmoronando, o que pode impactar diretamente no rendimento escolar e no bem-estar. Cabe à escola acolher essas emoções, escutar os estudantes e ajudá-los a transformar esse desconforto em busca por compreensão e posicionamento ético”, afirma Valma.
Ela ressalta que o espaço escolar deve ser um lugar de diálogo, onde os jovens possam tirar dúvidas, compreender contextos históricos e identificar narrativas distorcidas. “É uma chance de formar cidadãos mais conscientes e menos vulneráveis à desinformação.”
Informação com empatia e responsabilidade
A guerra entre Israel e Irã não é um tema simples. Envolve religião, política, disputas territoriais e séculos de conflito. Reduzir esse cenário a memes ou vídeos curtos em redes sociais pode criar interpretações rasas e, muitas vezes, perigosas.
Por isso, mais do que comentar as notícias, é fundamental ensiná-los a buscar fontes confiáveis, questionar informações e desenvolver pensamento crítico. “Essa é uma habilidade essencial para a vida. Saber filtrar o que é fato, o que é opinião e o que é manipulação faz parte do nosso papel como educadores e, também, como pais”, reforça Valma.
A paz como valor que se aprende
Em tempos de guerra, a paz precisa ser ensinada. Falar de empatia, de direitos humanos, de convivência com as diferenças é essencial para formar gerações menos intolerantes. “Não estamos formando apenas alunos que prestam vestibular. Estamos educando cidadãos que viverão em um mundo que, esperamos, seja mais justo e menos violento”, conclui Valma.
Como lidar com o impacto emocional de conflitos internacionais
1. Ajude seu filho a filtrar o que consome: Converse sobre as notícias e incentive o uso de fontes jornalísticas confiáveis. Explique que redes sociais nem sempre entregam a informação completa.
2. Dê espaço para falar sobre o que sente: Medo, raiva e tristeza são sentimentos legítimos. Acolha, sem minimizar. Às vezes, só ouvir já alivia.
3. Mantenha a rotina: A rotina traz segurança emocional. Manter horários de estudo, descanso e lazer ajuda a reduzir a ansiedade.
4. Incentive o pensamento crítico: Questione junto com ele: quem publicou isso? De onde veio essa informação? Faz sentido esse conteúdo?
5. Fale sobre paz e tolerância: Conflitos existem, mas também existem histórias de mediação, solidariedade e resistência pacífica. Mostre o outro lado.