A escolha da profissão: uma mistura de angústia e alegria – Parte 2
As sete macro áreas do Conhecimento
Os cursos ofertados por meio do Sisu estão divididos em grandes áreas do conhecimento. São sete, e para cada uma existe um agrupamento de disciplinas e campos de estudo. Como saber qual a área que mais me identifico? Nesse momento, é olhar para dentro de si e entender suas características, sua personalidade, seus interesses.
Entender que identificação não é necessariamente gostar profundamente de tudo que será estudado no curso, mas nas bases científicas que são o alicerce de cada área. É nesse momento que na dúvida do que escolher, muitos recorrem aos testes vocacionais, cujos resultados se assemelham aos dos testes de alergia: apresentam-se muito abrangentes e, por vezes, trazem mais dúvidas.
Mas será que os testes vocacionais são instrumentos descartáveis? Não. Há necessidade de saber interpretá-los. Muitos de nós não somos limitados a exercer uma única profissão ao longo da vida ou a seguir exclusivamente apenas uma área do conhecimento. Podemos ser médicos e engenheiros, advogados e escritores, sem prejuízo para ambas profissões. Mas agora vem a segunda pergunta: é viável conciliar essas carreiras?
Dificilmente poderei exercer a medicina e a engenharia concomitantemente, ou até mesmo uma profissão e depois a outra. São cursos de longa duração e bastante distintos. Mas talvez ser escritor torne-se a evolução de uma carreira na área do Direito. Então é pensar a viabilidade da carreira na profissão escolhida, e saber priorizar o que fazer na graduação, dando continuidade com os estudos acadêmicos de mestrado e doutorado ou com outros cursos complementares.
A formação é continuada, as atualizações precisam ocorrer para que possamos exercer nossas atividades com qualidade, e não ficarmos ultrapassados. Aliás, essa palavra ultrapassada é ultrapassada!
No quadro vemos as sete grandes áreas de concentração dos cursos de formação superior:
Sete Macro Áreas do ConhecimentoEnsino Superior Brasileiro |
Ciências Agrárias |
Ciências Biológicas |
Ciências da Saúde |
Ciências Exatas e da Terra |
Ciências Humanas |
Ciências Sociais Aplicadas |
Linguística, Letras e Artes |
As Ciências Agrárias têm uma relevância enorme no contexto brasileiro cujos indicadores nas áreas do agronegócio estão apontando para recordes contínuos, com surgimento de novos postos de trabalho. Nas Ciências Biológicas, com as pautas ambientais cada dia mais em voga, além do surgimento de doenças a cada instante, a pesquisa aplicada é um diferencial. No âmbito da Ciências da Saúde, o envelhecimento da população faz a demanda por esses profissionais aumentar.
Além disso, há importância de se investir em bem-estar e qualidade de vida, com foco na prevenção de doenças. Ciências Exatas e da Terra é uma área abrangente, que passa por cursos que estudam os fenômenos da natureza e baseiam-se na ciência e em métodos quantitativos, com cursos mais voltados a ciência como, Geofísica e Astronomia, englobando a grande parcela das Engenharias.
As Ciências Humanas estudam o homem e a interface com a sociedade. São cursos mais teóricos. As Ciências Sociais Aplicadas, é composta de profissionais capazes de compreender sobre como ocorre a interação entre os seres humanos, além da relação entre eles e o mundo ao redor. A área de Linguística, Letras e Artes, transmite ideias e emoções por meio da linguagem e da expressão artística.
Desse modo, os profissionais dessa área poderão atuar com cultura, educação, lazer e produção audiovisual. Cada área tem sua relevância, sua empregabilidade e seus desafios. Para o estudante que pretende se matricular em qualquer curso numa dessas áreas, é indispensável entender minimamente como ele poderá exercer a profissão escolhida, seus limites no mercado de trabalho e sua abrangência.
CBO, regulamentação da profissão e entidades de classe
Um dos objetivos de quem ingressa em um curso superior é entrar no mercado do trabalho. Seja como autônomo, empresário ou como empregado formal. Nessa última opção, para que lhe sejam assegurados direitos à profissão é necessário que haja um registro de identificação da ocupação exercida. É como se fosse uma espécie de “CPF profissional”. Ele assegurará ao trabalhador os direitos trabalhistas, como remuneração mínima e previdência social, como também, protegê-lo de situações de acúmulo de funções.
Em 2002, com base na Classificação Internacional Uniforme de Ocupações (CIUO), o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE criou a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), que especifica e identifica todas as ocupações do mercado de trabalho brasileiro. A busca pode ser feita no endereço http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorCodigo.jsf A classificação CBO não é a regulamentação da profissão, é um código que identifica a função exercida pelo profissional. Na medida em que novas ocupações vão surgindo, existem atualizações na lista dos códigos. Na prática, o CBO é uma referência para o setor de Recursos Humanos das empresas lançarem as vagas no mercado de trabalho, seja ele público ou privado. É extremamente relevante conhecer se o curso escolhido confere um título profissional compatível com algum dos CBO’s existentes no MTE.
A regulamentação da profissão é feita por meio de Lei. Define legalmente o exercício da função e os requisitos que o profissional deverá ter para exercer tal atividade. Entre muitos aspectos estabelece responsabilidades e atribuições, limites de atuação, jornada máxima de trabalho e outras definições profissionais. Ter uma profissão regulamentada por lei é muito importante. Muitos universitários, ao perceberem que o curso escolhido por exemplo, não tem regulamentação de piso salarial ou carga horária de trabalho, evadem.
As entidades de classe como os Conselhos Federais, são espaços de promoção e fortalecimento profissional. Dentre as maiores entidades de classe do Brasil e da América Latina estão o Conselho Federal de Engenharia – Confea, Conselho Federal de Medicina – CFM e a Ordem Brasileira dos Advogados – OAB. Os Conselhos são como se fossem a “família do profissional”. Nesse espaço é que os profissionais encontram apoio jurídico quando enfrentam causas individuais ou coletivas, se fortalecem. Buscar informações, fazer visitas, conhecer essas entidades, poderão ampliar seus conhecimentos e ajuda na tomada da decisão da escolha do curso superior.
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Do livro: Profissões em Órbita, no prelo.
Por: Marilda Ferreira Guimaraes
Engenheira Civil – CREA n° 29293-D
Mestre em Engenharia Ambiental Urbana
Professora da Rede Federal de Ensino