A grande maioria (92%) das pessoas que sofreram algum tipo de assédio ao longo da vida preferiram não reportar o fato aos canais competentes. As principais motivações para isso estão na crença de que o caso não seria investigado (27%), medo de retaliação (23%), de exposição (22%), e temor pela integridade física ou psicológica (18%). Além disso, entre os que denunciaram, apenas 48% tiveram retorno. Contudo, a legislação brasileira oferece respaldo para quem busca apoio para lidar com essas ocorrências, que aumentam a cada ano. Essas conclusões estão na pesquisa “Mapa do Assédio”, conduzida pela KPMG em setembro de 2024 com 500 pessoas no Brasil, de diferentes profissões e situações socioeconômicas.
Sobre locais de ocorrência dos assédios, destaque para escritório e ambiente de trabalho (41%), número superior ao registrado na edição anterior da pesquisa (33%), realizada em 2023. Os demais lugares mais indicados foram: local aberto, rua e descampado (13%); ambiente familiar, de amigos ou conhecidos (10%); e transporte público (9%). Também foram citados: instituições de ensino (4%); bares e restaurantes (3%); estabelecimentos turísticos, hospitais ou consultórios médicos (2% cada). A publicação reforçou ainda a importância dos canais de denúncia, como o hotline, considerando que 80% dos entrevistados somente se sentiram à vontade para reportar denúncias nesse mecanismo.
“Entre as medidas que as empresas devem adotar, está o cumprimento à Lei nº 14.457/22, que exige a realização de treinamentos, palestras e cursos para todas as organizações com mais de 20 funcionários. É uma medida essencial de prevenção ao assédio e combate à violência no trabalho para viabilizar ambientes mais humanos e éticos e agregar valor ao negócio”, afirma Emerson Melo, sócio-líder da prática Forense e de Litígios da KPMG no Brasil e colíder na América do Sul.
O conteúdo destacou ainda que um terço (30%) das pessoas consultadas sofreram algum tipo de assédio nos últimos 12 meses. Sobre a tipificação, destaque para o moral e psicológico (46%), de gênero (15%), sexual (14%), por idade (8%), retaliação (8%), religioso (4%), por deficiência (2%) e orientação sexual (2%). Em relação aos Estados, a resposta foi São Paulo para 71% dos respondentes, com as demais Unidades Federativas apresentando os seguintes índices: Bahia, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso (2% cada); Paraná (3%); Minas Gerais e Rio de Janeiro (4% cada); Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe (1% cada).
“A pesquisa reforça a necessidade de as organizações e a sociedade redobrarem a vigilância e o enfrentamento dos casos de assédio. Também é altamente positivo existirem canais de denúncia. Mas eles precisam ser mais efetivos. Além disso, ficou evidente a responsabilidade das organizações, em função do elevado número de casos acontecendo nos ambientes de trabalho”, afirma Carolina Paulino, sócia da prática Forense e de Litígios da KPMG no Brasil.
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