Especialistas da AMCR discutem a importância da atividade física e da terapia hormonal para prevenir e aliviar os impactos físicos e emocionais para mulheres na menopausa
As mudanças que acompanham a menopausa vão muito além da interrupção do ciclo menstrual. Essa fase natural da vida da mulher envolve uma série de transformações hormonais e metabólicas que impactam diretamente a composição corporal, a qualidade de vida e o bem-estar físico e emocional. No episódio Conexão Fertilidade Podcast 02 | MENOPAUSA SEM TABU, promovido pela Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), foram abordados sintomas recorrentes dessa fase, bem como indicações de tratamentos para os sintomas que se intensificam especialmente a partir dos 50 anos.
Segundo a ginecologista Dra. Alyssa Françozo, membro da AMCR, hoje as mulheres vivem mais tempo na menopausa do que fora dela, o que torna ainda mais essencial o cuidado com a saúde nessa etapa. “Durante a menopausa, a mulher começa a sentir dores, perde desempenho, e isso está diretamente ligado à perda do hormônio que mantinha o músculo funcionando”, destaca a especialista.
Além disso, a menopausa acarreta mudanças na distribuição de gordura corporal, com maior acúmulo na região abdominal e perda de densidade óssea. Essas alterações são características da chamada síndrome músculo-esquelética da menopausa, que envolve dores generalizadas, sensação de fraqueza e dificuldade para realizar atividades rotineiras, impactando significativamente a qualidade de vida da mulher. A ginecologista Dra. Marise Samama destaca que, ao contrário do que se pensa, a perda de massa muscular não começa na menopausa. “Esse processo tem início aos 30 anos e se intensifica após os 50. Por isso, é fundamental adotar estratégias de prevenção ao longo da vida, como treinos de resistência, alimentação rica em proteínas e boa ingestão de vitamina D”, orienta.
A reposição hormonal é apontada como uma das principais aliadas durante a menopausa, nem todas as mulheres são elegíveis à terapia hormonal, mas a grande maioria pode se beneficiar do tratamento. Entre as principais contraindicações para a reposição hormonal estão os casos de câncer de endométrio e mama, doenças hepáticas descompensadas, trombose de causa hormonal e algumas doenças autoimunes específicas. Fora esses quadros, a terapia com hormônios é segura, eficaz e deve ser adaptada às particularidades de cada paciente.
A Dra. Carla Saats, também integrante da AMCR, ressalta que a reposição hormonal deve ser iniciada preferencialmente logo no início da transição menopausal, período em que os hormônios começam a oscilar, geralmente por volta dos 40 anos. “Os sintomas surgem antes do fim definitivo da menstruação. Por isso, quanto antes identificarmos a necessidade, melhor será a resposta ao tratamento”, ressalta.
A especialista reforça que o envelhecimento é inevitável, mas pode ser vivido com qualidade. “É possível atravessar a menopausa com saúde e disposição. Para isso, é preciso informação, orientação médica adequada e, sobretudo, atitude preventiva. A mulher precisa entender que cuidar de sua musculatura, de seus ossos e de sua mente não é vaidade — é autocuidado com foco na longevidade.”
Sobre a Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR)
AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil – é uma organização formada apenas por mulheres, pós-graduadas da área da saúde e reprodução humana, que compartilham o mesmo propósito: disseminar o conhecimento científico em ginecologia e reprodução humana, através de uma comunicação clara e acessível à todas as mulheres, além de lutar pela igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da atuação das mulheres da ciência em saúde feminina. A associação foi fundada em março de 2021, pela Prof. Dra. Marise Samama. Atualmente possui 50 associadas, distribuídas em todas as regiões do Brasil. Para saber mais informações, acesse o site.