O ano de 2025 promete ser marcado por energias intensas e transformadoras, sob a regência de Xangô, o Orixá da justiça, e Iansã, a Orixá dos ventos e tempestades. Esses dois Orixás, com características complementares, trazem uma poderosa combinação que impactará tanto a vida coletiva quanto individual, promovendo justiça, mudanças e renovação.
Xangô: O Guardião da Justiça e da Verdade
Xangô é um dos Orixás mais respeitados no panteão africano. Sua energia está associada à justiça, à coragem e ao equilíbrio. Representado pelo machado de duas lâminas, ele simboliza a imparcialidade e a capacidade de revelar a verdade oculta, cortando ilusões e injustiças.
Em 2025, a regência de Xangô nos desafia a enfrentar questões estruturais e sociais que precisam de transformação. Ele impulsiona a coragem de lutar contra opressões e buscar soluções éticas para problemas antigos. Suas cores, vermelho e branco, vibram com força e determinação, iluminando o caminho para decisões importantes.
Iansã: A Senhora das Tempestades e Mudanças
Também conhecida como Oyá, Iansã é a Orixá que rege os ventos e as grandes transformações. Sua energia dinâmica está associada à liberdade, à força feminina e à paixão. Representada pela espada e pelo leque, ela simboliza a rapidez e a força para enfrentar desafios.
Em 2025, Iansã trará movimento e a necessidade de deixar padrões obsoletos para trás. As transformações podem ser tempestivas, mas são necessárias para o crescimento. Sua regência ensina a confiar no processo de mudança e a enfrentar os imprevistos com coragem e resiliência.
A União de Xangô e Iansã: Justiça e Renovação
A combinação de Xangô e Iansã em 2025 representa uma união poderosa entre a busca pela justiça e a força para implementar mudanças. Xangô traz a verdade à tona, enquanto Iansã movimenta as estruturas para que a renovação ocorra.
Essa aliança sugere um ano de lutas por justiça social, valorização da liberdade individual e transformação de paradigmas. As energias desses Orixás incentivam a reavaliação de relações e sistemas, promovendo equilíbrio e renovação após tempestades.
Perspectivas para 2025
Com a regência de Xangô e Iansã, 2025 será um ano de intensa atividade, marcado por desafios e oportunidades de crescimento. Será um período para agir com ética, enfrentar verdades difíceis e abraçar mudanças necessárias.
A tradição de atribuir regências aos anos está enraizada na cultura afro-brasileira, como explica Olukọ Denilson Oluwafemi, Ogã na Casa de Oxumarê e coordenador do Centro de Cultura e Idioma Mário Gusmão. Ele destaca que essa prática é influenciada por um sincretismo interafricano que conecta Nkisi, Orixás e Voduns, além de elementos da cultura popular brasileira.
O ano de 2025, que começa em uma quarta-feira, dia associado a Ọba, Ọya (Iansã) e Ṣàngó (Xangô), reflete a força desses Orixás. Seja nas tradições religiosas ou na cultura popular, o importante é que cada pessoa se dedique ao compromisso com os princípios de justiça, renovação e equilíbrio que esses Orixás representam.
Olukọ Denilson Oluwafemi reflete sobre a tradição de associar um orixá à regência de cada novo ano, prática que é fonte de debates dentro das religiões de matriz africana no Brasil. Ele contextualiza essa tradição ao abordar as influências da Nação Angola, que introduziu a ideia de dias da semana dedicados a entidades espirituais. Esse costume foi gradualmente assimilado por outras nações de candomblé, como Ketu e Jeje, gerando um sincretismo interafricano que também dialoga com práticas católicas, resultado do contato histórico entre as culturas africanas e europeias no Brasil.
Denilson Oluwafemi destaca que essa tradição se expandiu no contexto da formação da identidade brasileira, especialmente nos anos 1930, quando práticas religiosas afro-brasileiras, como a umbanda e outras vertentes sincréticas, ganharam visibilidade. Assim, a prática de atribuir dias e regências anuais aos orixás tornou-se parte de um complexo cultural e religioso.
Para 2025, que se inicia em uma quarta-feira, dia dedicado a Ọba, Ọya e Ṣàngó, prevê-se que o ano esteja associado a características como lealdade, justiça e encerramento de ciclos. Contudo, ele enfatiza que as casas tradicionais de candomblé realizam consultas oraculares para determinar, de maneira específica e comunitária, quais divindades guiarão o ano e quais orientações espirituais devem ser seguidas.
Olukọ Denilson também reconhece que, fora do candomblé, muitas pessoas mantêm a crença em um orixá regente universal para o ano, e que isso não conflita com a liberdade de cada um em praticar sua fé. O essencial, segundo ele, é o compromisso com as divindades escolhidas, respeitando e mantendo a conexão espiritual para o bem-estar individual e coletivo.