Da Redação
O Natal é uma celebração repleta de significados, tradições e delícias que unem as famílias ao redor do mundo. Entre os pratos mais emblemáticos da ceia natalina está o peru, cuja presença na mesa simboliza fartura e união. Mas você já parou para pensar como essa tradição começou? Vamos explorar a origem e o significado por trás desse costume tão difundido.
A origem da tradição
O peru é nativo das Américas e foi domesticado pela primeira vez há cerca de mil anos na região do México. A ave chegou à Europa no início do século XVI, trazida por exploradores que ficaram impressionados com suas características. No Velho Mundo, o peru começou a ganhar popularidade entre os nobres, como o Rei Henrique VIII, que o introduziu em suas ceias festivas.
De acordo com um estudo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o peru substituiu o cisne em celebrações natalinas na Inglaterra do século XIX. O animal, antes exótico, tornou-se acessível e passou a simbolizar o espírito de abundância e celebração que define a ceia de Natal.
Por que o peru é símbolo de Natal?
A associação do peru com o Natal deve-se a vários fatores. A ave é grande e possui carne suficiente para alimentar famílias numerosas, o que a torna um símbolo de fartura. Além disso, o Natal é uma época de agradecimento e celebração pelas conquistas do ano, e servir um prato especial reforça essa mensagem.
Nos Estados Unidos, o peru é também a estrela do Dia de Ação de Graças, celebrado em novembro. Essa tradição influenciou diretamente outros países, como o Brasil, onde o peru tornou-se parte essencial da ceia natalina.
Adaptação ao redor do mundo
À medida que as tradições de Natal se espalharam pelo mundo, o peru foi incorporado de diferentes formas nas culturas locais. Nos Estados Unidos, o prato é preparado com recheios e marinadas, enquanto no Brasil ele divide espaço com outros pratos tradicionais, como o chester e o tender. O chester, por exemplo, foi criado como uma alternativa ao peru, sendo um frango modificado com mais carne nos peitos e coxas, ideal para ceias fartas.
Outras opções e variações na ceia
Embora o peru seja o símbolo principal, outras carnes como o tender e o lombo suíno também fazem sucesso na mesa natalina. Para quem prefere economizar ou variar, frango assado e pernil são alternativas saborosas. Já para os adeptos de dietas vegetarianas ou veganas, pratos como rocambole de lentilha e seitan surgem como opções criativas para manter a fartura na ceia.
Como o Peru se Tornou um Prato Típico de Natal em Vários Países
O peru assado, estrela das ceias de Natal em diversas partes do mundo, carrega uma história rica e fascinante que atravessa continentes e séculos. Este prato icônico, presente nas mesas de famílias de diferentes culturas, possui origens e tradições que remontam às civilizações pré-colombianas das Américas.
Apesar do nome que pode sugerir uma ligação com o país sul-americano Peru, a ave peru (Meleagris gallopavo) é, na verdade, nativa do México. Povos originários, como os astecas, criavam e consumiam perus selvagens muito antes da chegada dos colonizadores europeus. De acordo com o site do The Museum of English Rural Life, o peru desempenhava um papel importante na dieta e cultura desses povos. Os astecas, por exemplo, tinham até um “deus peru” em sua mitologia, chamado Chalchiutotolin, associado às pragas.
Os relatos indicam que o peru era preparado de maneira sofisticada, acompanhado de cebola, alho-poró e um molho picante à base de pimenta vermelha. Foi durante o processo de colonização espanhola no início do século XVI que o peru foi levado à Europa, onde rapidamente ganhou popularidade entre os nobres.
O Peru Chega à Europa
Introduzido na Espanha em 1519 por Hernán Cortés, o peru foi logo reconhecido como um alimento exótico e especial. De acordo com a Encyclopaedia Britannica, o peru chegou à Inglaterra em 1541, onde foi chamado de turkey-cock devido a uma confusão linguística. Na época, o termo já era usado para descrever a galinha-d’angola, importada da região que hoje corresponde à Turquia.
O consumo de peru no Natal britânico começou no século XVI, quando a ave passou a ser associada a festas e celebrações da elite. O poeta Thomas Tusser mencionou o peru em seus escritos de 1573, destacando seu papel na ceia natalina ao lado de outras iguarias como carne de porco, pudins e gansos.
O Peru no Natal Moderno
Embora o ganso fosse a ave natalina preferida na Inglaterra durante muitos anos, o peru gradualmente tomou seu lugar, especialmente no século XIX, com o apoio da família real vitoriana. Seu tamanho, que permite alimentar grandes grupos, e seu status como iguaria consolidaram sua posição como o prato principal das festas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o avanço das técnicas de criação e a produção em massa tornaram o peru mais acessível às classes médias. Isso marcou o início da popularidade global do peru como o principal prato natalino, tanto na Europa quanto nas Américas. Nos Estados Unidos, a ave também é o símbolo do Dia de Ação de Graças.
A Influência na América Latina
Nas Américas, o peru foi adotado como símbolo das festas natalinas devido à influência das tradições europeias e à acessibilidade da ave na região. No México, sua terra natal, o peru mantém um lugar de destaque, não apenas no Natal, mas também em outras celebrações importantes.
Hoje, o peru assado é uma tradição em muitos países, variando em seus acompanhamentos e temperos conforme as culturas locais. Seja servido com farofa no Brasil, recheado na Inglaterra ou com molho de cranberry nos Estados Unidos, o peru é um elo entre diversas culturas, unindo histórias e costumes ao redor do Natal.
Referências
- Tudo Gostoso: “Por que comemos peru no Natal? Veja a história e o significado desta tradição”.
- Terra Degusta: “Como surgiu a tradição de comer peru no Natal? Sem ele, não haveria ceia”.
- Universidade Federal do Paraná: Pesquisa sobre a história da alimentação.
- “História do Peru na Ceia de Natal”, Carlos Roberto Antunes dos Santos, Universidade Federal do Paraná
- “Why We Eat Turkey at Christmas”, The Museum of English Rural Life
- Encyclopaedia Britannica
- Library of Congress (EUA)