Infectologista ressalta a importância de cuidados básicos de higiene para prevenir infecções
Cada vez mais comuns entre os brasileiros, os casos de infecções alimentares causados por Salmonella, bactéria da família das Enterobacteriaceae, têm preocupado especialistas na área da saúde em todo o mundo. Dados mais recentes divulgados no Brasil apontam que o país, de 2016 a 2019, sofreu 626 surtos de intoxicação alimentar, atribuindo 15% deste número à salmonelose, intoxicação causada pela bactéria. É o que aponta o Boletim Epidemiológico 32, da Secretaria de Vigilância em Saúde, publicado em 2020.
A infecção por Salmonella ocorre por meio do consumo de alimentos ou água contaminados pelas fezes de animais como galinhas, porcos, répteis, vacas, entre outros. Já os alimentos mais propícios a uma contaminação são os ovos, sendo recomendado evitar o consumo deles crus ou malcozidos, ou quaisquer alimentos que sejam manipulados por portadores com hábitos de higiene precários. Apesar do diagnóstico de salmonelose ser mais comum entre os brasileiros, a Salmonella também é responsável pela febre tifoide, uma doença bacteriana aguda.
Fernando Badaró, médico infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), ressalta que existem grupos de pessoas mais vulneráveis a contrair infecções causadas por Salmonella, dentre eles: pessoas com hábitos de higiene precários ou que consomem alimentos contaminados; cidadãos com certos distúrbios hematológicos ou imunológicos, entre eles, os portadores de anemia falciforme, que podem manifestar infecções mais graves por conta da contaminação pela bactéria.
Sintomas e diagnóstico
Geralmente, os sintomas da salmonelose são semelhantes a outros problemas gastrointestinais, estando entre os principais: calafrios, dor abdominal, vômitos, diarreia, febre moderada, cansaço, perda de apetite e mal-estar geral. No entanto, a intoxicação deve ser confirmada por meio de exames de sangue e fezes e pela análise clínica do médico.
Já os sintomas da febre tifoide costumam ser mais intensos, entre eles estão: febre alta, aumento do volume do baço, dores de cabeça, retardamento do ritmo cardíaco, falta de apetite, manchas rosadas no troco, tosse seca, prisão de ventre ou diarreia. Além da avaliação clínica, também será analisado o histórico de onde o paciente esteve, o que consumiu e os hábitos de higiene para chegar a um diagnóstico final da doença.
Fernando Badaró aponta que a principal complicação de saúde causada pela bactéria é a sepse, classificada como uma infecção generalizada. “Este quadro pode levar ao choque, aumentando o risco de mortalidade do paciente. Além disso, pessoas diagnosticadas com infecções causadas pela Salmonella podem apresentar hemorragia intestinal, endocardite e até meningite”, alerta o especialista.
Tratamento e prevenção
O infectologista ressalta que o tratamento das infecções depende do estado de saúde do paciente e, em alguns casos, pode ser requerida a terapia venosa. “Dentre as terapias, destacamos as Quinolonas, como Ciprofloxacino e Ceftriaxona. Contudo, em qualquer suspeita de contaminação por Salmonella, o paciente deve procurar imediatamente o seu médico ou uma unidade de saúde mais próxima”, orienta.
O professor da UNIFACS também destaca alguns cuidados básicos para evitar infecções causadas pela bactéria, sendo eles:
- Higienizar os alimentos que serão ingeridos crus, a exemplo das saladas, sempre utilizando soluções de hipoclorito de sódio;
- Sempre ferver bem os alimentos em geral;
- E, principalmente, higienizar as mãos antes do preparo e consumo de qualquer alimentação.