Por Morgana Montalvão
A Paróquia de Nossa Senhora dos Alagados e de São João Paulo II está localizada no bairro do Uruguai, na região da Cidade Baixa, integrando o roteiro ‘Caridade e Fé’. A sua estrutura foi fundada em 1980 e foi inaugurada pelo então pontífice por ocasião da sua primeira visita ao Brasil e à Bahia.

O território onde está construído a igreja é considerado sagrado, sendo conhecido como a ‘Colina dos Três Santos’, o único lugar no mundo onde três santos pisaram: o próprio papa João Paulo II (1920 -2005) , a Santa Teresa de Calcutá (1910-1997) em 1982 e Santa Dulce dos Pobres (1914- 1922), esta última, já realizava trabalho assistencial junto à comunidade carente de Alagados. A igreja é a primeira no mundo dedicada ao São João Paulo II e onde é possível encontrar relíquias de primeiro grau (fragmentos do corpo) destes três santos.




As relíquias são uma mecha de cabelo de cada Santo, que fica dentro da medalha de cada um.
O entorno foi completamente requalificado pela prefeitura. A entrega das obras fez parte das celebrações do aniversário de 475 anos de Salvador e contou com investimentos de R$6,3 milhões. Projetada pela Fundação Mário Leal Ferreira (Fmlf), a intervenção integra o Plano de Bairros da Península de Itapagipe e visa desenvolver o potencial turístico religioso da região.
“Essa obra tem uma visão estratégica, porque consolida a implantação do território santo. Já havíamos requalificado todo entorno da Igreja do Bonfim, a parte alta e a baixa. Tínhamos feito todo o Caminho da Fé, ligando ao santuário de Santa Dulce. Vai estimular o turismo religioso católico, aumentando as visitas de milhares de fiéis e peregrinos de toda Bahia e do Brasil” disse o prefeito Bruno Reis (União Brasil).
A requalificação urbana abrangeu melhorias não apenas no entorno da igreja, contando com aumento dos passeios oferecendo acessibilidade ao pedestre e, equipando o entorno com áreas de lazer, que já funcionava como um espaço de encontro para a população, mas também, nas áreas do Cine Teatro, do Espaço Cultural dos Alagados e do Terminal de Ônibus do Uruguai. Além da criação de espaços de convivência e lazer, os serviços envolveram pavimentação e reconstrução de meio-fio, colocação de piso intertravado, drenagem, implantação de quiosques, parque infantil, academia de ginástica, área de jogos, 13 pergolados em eucalipto, guarda-corpo, contenção em alvenaria de pedra e banheiros.
Com essa obra, a Igreja dos Alagados passa a fazer parte do circuito oficial de visitação e peregrinação, unindo-se ao Santuário de Santa Dulce dos Pobres e a Colina Sagrada da Igreja do Bonfim.
O bairro do Uruguai também abriga a Creche Missionárias da Caridade, obra fundada em 1979 por Santa Teresa de Calcutá em sua primeira visita a Salvador. A creche foi fundada a pedido do então papa, solicitando à religiosa que visitasse a comunidade de Alagados e iniciasse um trabalho de acolhimento a estas crianças necessitadas.
Atualmente, a Congregação das Missionárias da Caridade, fundada em 1950 pela Santa Teresa Calcutá, está ativa na Paróquia Nossa Senhora dos Alagados e São João Paulo II.
O ‘Anjo Bom da Bahia’ é o orgulho da Cidade Baixa
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Santa Dulce dos Pobres, é a primeira santa nascida no Brasil, foi canonizada em 13 de outubro de 2019 e ficou conhecida por ter dedicado toda sua vida a caridade e serviço aos miseráveis, principalmente nas áreas de saúde e de educação de crianças e jovens.
Sua obra máxima, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) nasceu no dia 26 de maio de 1959. A instituição é fruto da trajetória de serviço e assistência aos mais pobres da religiosa, a qual peregrinou durante mais de uma década em busca de um local para abrigar os desvalidos e doentes recolhidos pelas ruas de Salvador. As raízes da instituição datam de 1949, quando a irmã, sem ter para onde ir com 70 doentes, pediu autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro.
O ‘Anjo Azul de Alagados’ manifestava a caridade de maneira exemplar: acolhia crianças, adultos e idosos desvalidos e cuidava deles. Conseguia alimentos, roupas, remédios e alguns trocados e os doava como forma de aliviar o sofrimento.

Localizado bairro de Roma, também na região da Cidade Baixa, o Santuário Santa Dulce dos Pobres (integrante do roteiro ‘Caridade e Fé’) , erguido em 2002, é um local de muita oração que está sempre com portas abertas para acolher e dar suporte espiritual para aqueles que mais necessitam. O espaço funciona desde 2003 e está localizado ao lado da sede das Osid , tendo capacidade para mais de 1.000 pessoas sentadas.



O local abriga a Capela das Relíquias (termo utilizado para designar o corpo ou parte do corpo dos beatos ou santos) e guarda o túmulo da ‘Mãe dos Pobres’. Ambiente de extrema de devoção e religiosidade, a capela foi aberta no dia 09 de junho de 2010, quando o corpo da então Venerável Dulce foi transladado da Capela Santo Antônio (localizada no Memorial Irmã Dulce) para sua nova morada. Em 2019 o local passou por uma nova reforma, ganhando um túmulo de vidro com uma efígie em tamanho real santa.
O local também abriga a ‘Sala dos Milagres’ o espaço acolhe objetos doados por devotos e admiradores da santa, como forma de expressar gratidão por bênçãos recebidas e associadas à figura do ‘Anjo Bom da Bahia’. A sala possui imagens, peças de cera, cartas, fotografias, diplomas e vestimentas, entre outros itens, expressando a força da fé de quem obteve uma graça alcançada.



Além do Santuário Santa Dulce dos Pobres, o Complexo Turístico Religioso Santa Dulce é composto por mais três espaços: Memorial Irmã Dulce, local de uma exposição permanente onde conta a história da santa e reúne informações e peças,as quais ajudam a manter o seu legado vivo. O memorial está passando por requalificações e, atualmente encontra-se, de maneira provisória, atrás do Dulce Café. O novo espaço do memorial tem previsão de ser entregue no mês de junho; o Dulce Café, espaço gastronômico que mantém em sua decoração a grade original do antigo Cine Roma, contando ainda com um painel criado e doado pela designer Goya Lopes, retratando o cotidiano da ‘Mãe dos Pobres’ e, por fim, a Loja Santa Dulce, estabelecimento onde são comercializados camisas, bolsas, agendas, livros e chaveiros, imagens, medalhas, terços e escapulários, entre dezenas de outros itens com a marca Irmã Dulce.
Toda a renda obtida com as vendas dos artigos é revertida para a manutenção das atividades da obra. Mensalmente, o complexo recebe 50 mil visitantes vindos de todos os cantos do país e do mundo.
De acordo com Rosa Brito, coordenadora do setor de Turismo Religioso das Obras Sociais Irmã Dulce, o santuário é onde os turistas e visitantes têm de presenciar o amor da santa baiana por Cristo através do sacrifício para o bem do próximo, especialmente, os mais necessitados.
“É o santuário da primeira santa brasileira e o lugar onde estão seus restos mortais. Isso tem muito significado para os seus devotos. Este lugar é uma espécie de coração de toda a obra dela e é um lugar de suma importância na Península de Itapagipe. Ao chegar aqui no nosso complexo , as pessoas além de conhecer a sua história de amor, caridade e de entrega, principalmente aos mais carentes, percebem que Irmã Dulce foi uma pessoa muito à frente do seu tempo. A nossa santa também priorizava pela educação e formação das pessoas. Por isso ela é tão especial e única para os baianos”, explica.
O Santuário de Santa Dulce dos Pobres também integra o ‘Caminho da Fé’ localizado na Avenida Dendezeiros. O trajeto, de 1,1 km de extensão, liga o este santuário à Basílica do Senhor do Bonfim, no bairro do Bonfim. O trajeto contém 14 totens que representam a Via Crúcis de Jesus Cristo, e contam também a história de Irmã Dulce e de Senhor do Bonfim.