Por Márla Camilo
Muitas pessoas carregam desejos e impulsos que são difíceis de entender ou aceitar, principalmente quando envolvem a sexualidade. Por mais que seja algo inerente ao ser humano, o prazer que alguns homens sentem ao mostrar o próprio corpo ainda gera muitos pré-conceitos em nossa sociedade, desencadeando sentimentos de culpa, medo e vergonha neles. O prazer pessoal não deve ser algo condenado, mas sim compreendido e lidado de forma que traga paz e equilíbrio em nossas saúdes sexuais.
De acordo com dados divulgados no Estudo Mosaico 2.0, o número ideal de relações sexuais para os homens é de oito vezes por semana. Porém, é importante ressaltar que cada pessoa é única, e essa singularidade também se reflete na forma como cada um sente prazer e expressa a própria sexualidade – algo que, neles, é comumente julgado de maneira negativa.
O prazer de muitos deles ao exibir seus corpos, o que não é muito bem-visto por muitas pessoas, não significa que há algo de errado com eles. Assim como gostos alimentares variam, as formas de experimentar prazer também variam de pessoa para pessoa. Na verdade, é isso que nos torna humanos e, se você tem o desejo de se exibir e isso causa sofrimento, talvez seja hora de parar de lutar contra essa parte e começar a entendê-la melhor.
Quando tentamos reprimir algo que faz parte de nós, isso tende a crescer e se tornar ainda mais difícil de controlar, o que pode gerar culpa e afetar outras áreas da vida, como trabalho, estudo e relacionamentos. Essa aceitação, contudo, não significa agir de qualquer forma e sem pensar, mas entender que existem limites saudáveis e respeitosos para tudo.
Este pensamento foi, inclusive, defendido pelo psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung. Em seus conceitos pautados na psicologia analítica, essa repressão estaria diretamente associada ao que chama de “sombra”, a qual reúne os aspectos da psique que rejeitamos, negamos ou reprimimos porque não estão alinhados com o nosso ego ideal ou com as normas sociais. Esses conteúdos não desaparecem; pelo contrário, permanecem no inconsciente e, quando reprimidos, podem se manifestar de forma descontrolada, gerando culpa, ansiedade e conflitos interpessoais.
Jung acreditava que, quanto mais uma parte de nós é reprimida, mais forte ela se manifesta em sonhos, comportamentos ou sintomas. O processo de individuação, segundo o psiquiatra, é o caminho para a realização plena, e isso envolve a integração da sombra. Ou seja, aceitar e integrar as partes reprimidas da psique para evitar que elas se tornem autodestrutivas ou impactem negativamente outras áreas da vida.
Trazendo este ideal para o que muitos chamam de “compulsão sexual masculina”, essa prática pode, sim, fazer parte de uma vida plena e feliz, desde que seja vivida de forma consciente e em momentos apropriados. É preciso lembrar que o respeito por si mesmo e pelos outros é fundamental para que o prazer não se torne algo destrutivo ou prejudicial. Por isso, o desejo de se exibir só deve ser compartilhado com outras pessoas de forma consentida, ou seja, em situações em que todos estão de acordo.
O prazer é parte natural da vida humana e, assim como cada um tem seu jeito de comer, vestir e se expressar, também tem seu jeito de sentir e experimentar prazer. Isso não faz de ninguém uma pessoa má ou errada – faz dela alguém que está buscando se conhecer e se aceitar. Este desejo deve ser acolhido dentro de cada um de nós, compreendendo suas motivações, anseios, e o entendendo por completo, de forma que não atrapalhe nosso dia a dia.
A repressão e a culpa só levam ao sofrimento, enquanto a compreensão e o cuidado com esses aspectos ajudam a trazer equilíbrio e bem-estar à nossa sexualidade. Praticar o prazer de maneira consciente significa fazer isso com responsabilidade e respeito, tendo o consentimento e a escolha dos momentos e locais adequados como partes essenciais para que o prazer não vire uma compulsão ou impulso.
Quando vivemos uma vida consciente, conseguimos aproveitar cada parte de quem somos sem deixar que um desejo específico controle tudo. Isso ajuda a manter o equilíbrio entre o prazer, as responsabilidades do dia a dia e os valores pessoais, sem o sentimento de culpa e se perder diante de tantos julgamentos da nossa sociedade.
Ter desejos sexuais e gostar desta prática com bastante frequência é completamente normal, e não deve ser encarado de forma negativa. Cada pessoa terá uma forma de experimentar prazer, que deve ser reconhecida e respeitada. A chave está em entender que você é mais do que seus impulsos e que aceitar cada parte de si mesmo – com respeito e responsabilidade – é o caminho para uma vida mais completa e feliz.
Márla Camilo é terapeuta integrativa, colunista, escritora e mentora especializada em desenvolver homens que desejam se tornar conscientes e atingir seu máximo potencial.
Sobre a AGNI ÉROS:
A AGNI ÉROS tem como objetivo guiar homens na jornada de autodescoberta e libertação, ajudando-os a acessar seu máximo potenciar e viver uma vida plena, próspera e autêntica, redescobrindo o prazer de viver.