Nordeste é referência no Brasil em empreendimentos com conforto acústico
No dia 30 de abril se comemora o Dia Internacional de Conscientização sobre o Ruído (International Noise Awareness Day – INAD). O motivo é simples: a humanidade está se tornando mais barulhenta e isso traz graves consequências à saúde das pessoas. Relatório divulgado em 2018 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que até 2050 cerca de 900 milhões de pessoas vão apresentar algum tipo de perda auditiva. No mundo inteiro, arquitetos e engenheiros vem encontrando soluções diversas para incorporar aos projetos o chamado conforto acústico, um conceito que vem ganhando força dentro do Brasil e já pode ser encontrado em espaços diversos como restaurantes, praças de alimentação e até mesmo em residências particulares.
“É um novo padrão arquitetônico que está diretamente relacionado ao bem-estar, a produtividade e a saúde das pessoas.”, afirma a arquiteta Débora Barretto, CEO da Audium – empresa especializada e referência nacional em projetos acústicos. O termo pode ser novo, mas a sensação de bem-estar que se sente em um local com boa acústica é conhecida por todos. Sabe aquele bar, restaurante ou mesmo shopping center em que você pode se sentar e conversar naturalmente com outras pessoas sem precisar gritar? Este é o efeito provocado por um bom projeto de acústica.
Se, inicialmente, uma boa acústica era associada a locais como teatros e cinemas, hoje ela está presente em clínicas, restaurantes, empresas e até em ambientes domésticos. O mercado brasileiro vem aderindo a esta tendência mundial e o Nordeste se tornou referência por possuir vários empreendimentos que investiram no bem-estar acústico dos seus ambientes internos, como o Salvador Shopping (BA), Hotel Fasano (BA); o Hard Rock Café (CE); Museu da Gente Sergipana (SE).
Na capital pernambucana, por exemplo, é possível encontrar vários empreendimentos que primam pela qualidade acústica, como: Novotel Porto Novo, Shopping Rio Mar, Teatro Rio Mar, Colégio Cognitivo, Restaurante Kojima, Greenmix, Clínica Ápice, Escritório JCPM, Hotel Sheraron Reserva do Paiva.
Segundo a OMS é muito importante saber o nível de ruído gerado dentro de um ambiente. Em locais fechados sem tratamento acústico, uma simples conversa pode ser suficiente para causar dor de cabeça, irritabilidade, pressão alta, entre outras consequências. “Com produtos específicos e projetos de áudio e acústica é possível transformar um ambiente que tem tudo para ser barulhento num local agradável de se conversar ou trabalhar”, conclui Débora Barreto.
Bruno Brayner e Marcos Oliveira, diretores da Directriz Engenharia, se mostram entusiasmados com o aumento da demanda por esse tipo de projeto. “Estamos aplicando o que há de melhor em Engenharia com essa tendência que não tem mais volta: o respeito para com à sociedade civil no que tange ao conforto acústico”, afirma Brayner.
O Dia Internacional de Conscientização Sobre o Ruído foi criado em 1966, nos Estados Unidos, pela League for the Hard of Hearing, hoje Center for Hearing and Comunication – CHC e é sempre comemorado na quarta-feira da última semana do mês de abril.
Design e Tecnologia
Alcançar um elevado padrão de qualidade em projetos de acústica envolve tecnologia, conhecimento, análise detalhada das características físicas do espaço e uma simulação acústica. Nas Salas Multifuncionais do Centro de Convenções de Pernambuco, por exemplo, foram instalados mais de três mil metros quadrados de material acústico, uma área equivalente a meio campo de futebol. Tudo para reduzir a reverberação e proporcionar conforto, permitindo que todos escutem com clareza o que está sendo falado. Os elementos acústicos fixados no teto e conhecidos como nuvens, acompanham a curvatura da laje original da edificação e foram colocados intercalados com as luminárias para gerar uma harmonia no ambiente e preservar a beleza arquitetônica do projeto original. “Nessa primeira etapa foram colocadas 406 peças (nuvens), todas fabricadas com garrafas PET. Tudo pensado de forma a unir sustentabilidade com o melhor resultado”, afirma Cleonardo do Nascimento Silva, engenheiro regional Nordeste da Trisoft.
Para garantir a multifuncionalidade, as salas instaladas em um vão de 30 metros de comprimento ganharam 1.400 m2 de divisórias articuladas com tamanhos que variam entre 4 e 5 metros de altura. “São elementos sustentáveis feitos com madeira de reflorestamento e lã de PET. Tudo pensando na versatilidade do uso do espaço, integrando o projeto arquitetônico com o projeto acústico”, explica Jean Chimelo, arquiteto-diretor da Arkflex Divisórias Articuladas. Os painéis de madeira absorvem as baixas frequências e as lãs de PET as médias e altas frequências atingindo, assim, um equilíbrio sonoro.
“Nessa primeira etapa foram colocadas 406 peças (nuvens), todas fabricadas com garrafas PET. Tudo pensado de forma a unir sustentabilidade com o melhor resultado”, afirma Cleonardo do Nascimento Silva, engenheiro regional Nordeste da Trisoft. “Tudo foi pensado para que o público de uma sala não se sinta incomodado com a apresentação da sala ao lado”, explica Claudio Vasconcelos, CEO do consórcio CID que está à frente do Centro.