A Medicina de Estilo de Vida incorpora princípios comportamentais, ambientais, motivacionais e médicos com o objetivo de tratar as causas fundamentais das doenças e assim melhorar a saúde e o bem-estar geral dos pacientes
O Dia Mundial de Combate ao Câncer, no dia 04 de fevereiro, nasceu como iniciativa da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), para aumentar a conscientização sobre a doença, sua prevenção e tratamento.
Segundo o oncologista e coordenador do Centro de Medicina de Estilo de Vida e Longevidade Saudável do Hospital Moinhos de Vento, Alexander Daudt, motivar as pessoas a adotarem hábitos saudáveis segue sendo a estratégia com maior custo-efetividade no enfrentamento da doença. Além disso, uma vida saudável pode ajudar a evitar a recidiva, retorno do câncer, em pacientes que já lidam com a enfermidade.
A eliminação de fatores de risco conhecidos, como uso de tabaco e álcool, sedentarismo, dieta pobre em vegetais e frutas, excesso de carne vermelha, e alimentos processados com maior teor de açúcar e sódio, poderiam prevenir cerca de 40% dos casos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por exemplo, evitar o tabagismo e realizar atividades físicas são alguns destes bons hábitos para reduzir a prevalência de neoplasias mais comuns, já que reduzem o risco de câncer de pulmão em 90% e de mama em 20%, respectivamente.
“O reflexo da queda de hábitos saudáveis e de uma boa alimentação também vem sendo observada ao longo dos anos”, destaca o oncologista. Desde meados do século 20, ocorreram mudanças geracionais que contribuíram para o aumento de casos e morte por câncer de início precoce (em pessoas com menos de 50 anos). De 2010 para 2019, estes números aumentaram 80% na incidência e 20% no caso de óbitos, segundo dados recentes publicados no JAMA (Journal of American Medical Association – Koh et al. JAMA Network Open. 2023;6(8):e2328171).
Atualmente, os tipos mais frequentes de câncer de início precoce são: mama, cólon e reto, endométrio, esôfago, ducto biliar extra-hepático, vesícula biliar, cabeça e pescoço, rim, fígado, medula óssea, pâncreas, próstata, estômago e tireoide.
Daudt explica que a Medicina de Estilo de Vida (MEV) é uma especialidade médica que utiliza mudanças no estilo de vida para prevenir, tratar e eventualmente reverter condições crônicas. A MEV incorpora princípios comportamentais, ambientais, motivacionais e médicos em prol do bem-estar do paciente, que com mudanças sustentáveis em seus hábitos, pode alcançar melhores resultados de saúde.
“Junto aos diagnósticos médicos, trabalhamos os pilares de nutrição, sono, atividades físicas, eliminação de substâncias de risco (como cigarro e álcool), conexão social e gerenciamento de stress e, assim, conseguimos dar sustentabilidade a um estilo de vida que ajude o paciente a prevenir ou enfrentar a doença”, explica o médico.