Por Gerson Brasil
O brasileiro já incorporou a fila como sendo um cotidiano inescapável, principalmente para quem depende de serviços públicos ou quer obter, a exemplo, um visto para viajar aos Estados Unidos. Fila é um inferno, mas em New York uma oportunidade de ganhar um bom punhado de dólar, estruturado num serviço. É o que mostra Jordi Lippe-McGraw no Wall Street Journal, edição do dia 5, online. “Cansado de esperar na fila? Você pode contratar alguém para isso”
Quem não quer ficar esperando numa fila para ter direito a uma mesa num bom restaurante ou para assistir a um espetáculo, contrata serviços nacionais como o Taskrabbit e regionais como o Same Ole Line Dudes de Nova York e o Skip the Line em Washington, DC, para realizar a tarefa, “por uma taxa fixa. Assim que a reserva for feita, você pode se comunicar diretamente com seu substituto, que o atualizará, normalmente por mensagem de texto, quando a espera estiver quase acabando”.
O preço é salgado, mas o serviço é bem requisitado. McGraw explica que ”normalmente cobram uma média de US$ 27 por hora. O Same Ole Line Dudes tem um modelo de preços estruturado: US$ 50 no mínimo por até duas horas, US$ 25 para cada hora adicional, mais um extra para clima extremo ou esperas durante a noite”.
E o mercado tem crescido. Jordi Lippe-McGraw aponta que “de 2023 a 2024, os pedidos de espera em fila aumentaram 10% ano a ano na cidade de Nova York e 18% em todo o país”. Esse negócio contrasta com a percepção que se tem da economia americana, principalmente no Brasil, de estar caminhando para uma derrocada, frente ao avanço da economia chinesa. Pelo visto, o imaginário está preste a substituir o cotidiano, com a heresia, não mais em relação a negação da fé e sim da realidade concreta.