5 pontos em conexão entre a dor do exercício físico e a dor de aprender
Outubro traz consigo a celebração do Dia do Atletismo, que foi comemorado no dia 9. A data ressalta como o esporte serve para desafiar limites. A dor do exercício físico e a dor de aprender compartilham mais semelhanças do que pode parecer à primeira vista. Ambos os processos envolvem desconforto e esforço, mas também promovem crescimento e desenvolvimento. No caso do exercício físico, a “resistência ao desconforto” é um sinal de que o corpo está sendo desafiado, que os músculos estão trabalhando além de sua zona de conforto, o que leva a uma adaptação positiva. Da mesma forma, o aprendizado, especialmente quando envolve novas habilidades ou conceitos difíceis, pode ser doloroso, pois exige esforço mental, gera frustração momentânea e, às vezes, resulta em falhas repetidas antes do sucesso.
Momentos de pressão, como os vivenciados em ambientes de estudo, podem impactar a saúde física, levando a sintomas semelhantes aos de um exercício intenso. Estudos publicados no International Journal of Stress Management indicam que altos níveis de estresse e ansiedade, frequentemente associados ao aprendizado em contextos acadêmicos, podem resultar em dor física, como dores de cabeça, musculares ou abdominais. Um estudo publicado no SciELO (revistas científicas brasileiras), realizado com universitários, mostrou que cerca de 38% dos participantes relataram dores de cabeça associadas ao estresse relacionado ao estudo.
Para o medalhista paralímpico Vinicius Rodrigues, tudo é um processo, assim como na academia. As dores fazem parte da evolução. “A dor nunca vai embora; ela sempre aumenta. Após um treino intenso de corrida, às vezes fico travado, mas é necessário chegar ao limite. O sacrifício nas pistas é essencial para seguir o planejamento de quatro anos que resulta em 12 segundos de show. No treino, realizamos exercícios educativos com barreiras, repetindo o movimento até chegar o mais próximo da perfeição. Executar isso de forma automática é fruto do treino, assim como a prática do inglês. Ralar para estudar, praticar e conseguir dar uma entrevista em outro idioma é tão satisfatório quanto ganhar uma medalha”, relatou Vinicius, recordista mundial na corrida de 100 metros, duas vezes medalhista mundial em 2019 e 2023, com as conquistas das medalhas: prata em Tóquio e bronze em Paris.
Estudantes que enfrentam o esgotamento mental devido a demandas de aprendizado e pressão por desempenho podem relatar dores físicas. Cerca de 10 a 15% dos alunos que relataram esgotamento severo também mencionaram dores físicas associadas ao estresse. Por outro lado, é importante entender que, quando uma pessoa pratica esportes ou é um profissional, como um atleta, ela tende a aceitar as dores físicas em busca de um propósito maior e de um objetivo. Após a conquista, essa dor se torna uma dor compensada.
“O que queremos dizer é que podemos sentir dores semelhantes quando estamos aprendendo, assim como podemos experimentar sentimentos de medo durante o processo. Ao iniciar uma aula de idiomas, por exemplo, a ansiedade pode aumentar, resultando em dores físicas, como dor de cabeça e dores no pescoço, entre outras. No entanto, é importante assimilar o propósito da jornada para que alguns sacrifícios sejam recompensados. Um jogador de futebol, por exemplo, sente dores no início, mas, com constância e disciplina nos exercícios, acaba não sentindo mais. Da mesma forma, é necessário manter o foco nos estudos e não desistir de algo que, no início, parece complexo, mas que, com a prática, pode amenizar a ansiedade e os sintomas de preocupação ou medo. Aos poucos, o aluno faz novas amizades, se adapta ao ambiente e à metodologia de estudo. Para quem tem foco, é preciso enfrentar algumas barreiras para atingir o resultado. No entanto, é importante lembrar que sempre há um limite para a dor e, se a dor causar consequências maiores, procurar a ajuda de um profissional é fundamental”, explicou Augusto Jimenez, CMO e psicólogo da rede Minds Idiomas.
Neste contexto, Augusto Jimenez cita 5 pontos de conexão entre a dor do exercício físico e a dor de aprender, destacando o esforço e a adaptação que o corpo e a mente enfrentam ao serem desafiados:
Desconforto inicial:
- Exercício físico: embora esse desconforto da dor física seja difícil de suportar, ele é essencial para o crescimento muscular e o aumento da resistência.
- Aprendizado: durante o aprendizado de novas habilidades, a mente pode enfrentar frustração, cansaço mental e ansiedade. Esse desconforto inicial faz parte do processo de adaptação cognitiva.
Processo de adaptação:
- Exercício físico: com o tempo e a prática constante, o corpo se adapta ao esforço físico, tornando-se mais forte e resistente, e a dor inicial diminui à medida que se acostuma.
- Aprendizado: assim como o corpo, a mente se adapta a novos conceitos e desafios. O que inicialmente parece difícil torna-se compreensível e automático com o tempo, resultando em um processo de “fortalecimento” cognitivo.
Superação de limites:
- Exercício físico: para ver progresso, é essencial desafiar constantemente os limites do corpo, aumentando a intensidade do treino ou experimentando novos tipos de exercício.
- Aprendizado: o aprendizado é semelhante: para progredir, a mente deve ser desafiada com novos conceitos e dificuldades, essencial para o crescimento intelectual.
Recompensa após o esforço:
- Exercício físico: a sensação de alívio e realização após um treino intenso é gratificante, e os benefícios físicos a longo prazo, como aumento de força, resistência e saúde geral, são recompensadores.
- Aprendizado: no aprendizado, o momento de compreensão, quando “a ficha cai”, gera uma sensação de conquista e satisfação. A longo prazo, o conhecimento adquirido melhora a competência e o bem-estar intelectual.
Necessidade de consistência:
- Exercício físico: resultados duradouros só aparecem com esforço contínuo e regularidade nos treinos.
- Aprendizado: da mesma forma, o aprendizado eficaz requer prática e estudo consistente. O “muscle memory” do corpo é semelhante ao “memory retention” da mente.