O Surgimento de um Náufrago
Quando não estou em uma aventura, o Beldroegas e eu gostamos de singrar as mornas e tranquilas águas da Baia de Todos os Santos, por nós apelidada de Baia de Todos os Prazeres. Porque é um contato com a natureza, usufruindo as energias positivas e a escutar o ruído da proa do barco a romper as águas já um tanto agitadas de uma tarde de verão.
Esse inebriante bem estar me transporta a um passado de um ilhéu que teve a ventura que poucas crianças da ilha tiveram. A minha sorte foi ter sido educado fora dessa vida pacata, sem ambição e sem futuro, tão peculiar aos nativos de “beira de praia”.
Gameleira é um povoado localizado na Ilha de Itaparica e bem próximo da estação do ferry-boat. Fora da época de veraneio a afluência é bem pequena, resumindo-se às pessoas que possuem propriedades e buscam um refúgio à azafama do cotidiano. A sua vida pacata de colônia de pescadores oferece um real repouso nesta época do ano. As águas calmas parecem uma imensa piscina, sendo uma tranquilidade até para crianças praticarem natação. A suave brisa que sopra constantemente, além de tornar a temperatura bastante agradável, possibilita, aos amantes dos esportes a vela, realizarem bordejos tranquilos e sem perigo. Gameleira não possui uma grande extensão de praia, mas as suas areias são bem compactadas, oferecendo, quando na maré baixa, uma imensa área para a prática de esportes.
Quantas vezes me questionei se não seria mais fácil e menos trabalhoso, permanecer ali, com meus pais, em um dia-a-dia rotineiro, sem litigar por tantos bens materiais, muitas vezes supérfluos. Porém felizes.
Ainda criança fui levado para a Capital com a intenção de receber uma boa educação escolar, coisa que a ilha carecia. Animei-me bastante e imediatamente aceitei o convite desses meus tios que eram da área de educação.
Evoluí bastante, não só na área educacional, como também, na área comportamental. O convívio com 3 primas na faixa etária equivalente à minha, levaram-me a ver a mulher, não como o sexo oposto, mas sim, como um ser igual, com os mesmos direitos e deveres, tão diferente do tratamento e do comportamento dos ilhéus.
Os três meses de férias escolares eu passava com meus pais na ilha, em uma vida completamente diferente. Era uma liberdade irresponsável, beirando as raias do primitivismo. Quando retornava à “civilização” o pé não entrava no sapato.
Levei boa parte da infância e toda a adolescência nessa dupla e incompatível vida, mas com a maturidade suficiente para ser feliz nas duas e sabendo que logo eu deveria fazer a escolha definitiva.
Eis que, após cumprir o serviço militar obrigatório no CPOR, fui aprovado em um concurso de um grande banco e ao receber o meu primeiro salário apressei-me a comprar o meu primeiro barco. Foi um saveiro de madeira com 2,5m de comprimento ao qual mudei o nome para Beldroegas e mandei pintar na vela a figura de um lindo buldogue.
Segundo o Wikipèdia, o Saveiro é um tipo de embarcação construída exclusivamente em madeira. Nas originais e mais antigas até os pregos eram feitos de madeira. É também um termo genérico que engloba vários tipos de embarcações muito diferentes entre si, todas em madeira, com envergaduras assombrosas, e aerodinâmica naval esmerada, procurando o máximo de aerodinâmica que a madeira pode proporcionar, tanto em Portugal como no Brasil, esse trabalho teve início com a Escola de Sagres, onde o graminho ou a régua de cálculos era muito utilizada.
A origem do saveiro é fenícia. Normalmente a sua construção é primitiva e dispensa o uso de um complicado projeto de engenharia que envolve muitos cálculos matemáticos para chegar nas curvaturas das cavernas (ou galerias), que nunca são repetitivas, obviamente, o que faz dos saveiros objetos únicos de arte artesanais. Embora não existam saveiros iguais, como as digitais, pois são objetos de arte e artesanal e científicos na sua individualidade acadêmica; todos são embarcações marinheiras, cujo objeto é a boa navegação e a aerodinâmica acadêmica naval.
Singrar as águas, romper as ondas, vagar nas vagas do oceano me integrava à vida. A natureza definia minha profunda paixão que era velejar. Nesse momento eu despertei das recordações para analisar o temporal que se aproximava.
Numa perna do vento de través eu deixei decair com as variações da força do vento e orcei nos intervalos entre rajadas, mantendo a embarcação no rumo mais rápido, sem deixar o barco perder a velocidade com as caídas do vento.
Não gosto muito de bordejar quando há mau tempo, porque é perigoso orçar com vento forte e, tendo que navegar em zigue-zague para atingir uma mareação cingida ao vento, há necessidade de mudar-se as amuras constantemente, o que requer muita atenção, sendo cansativas as manobras da vela e do leme.
Atravessava velozmente a linha do vento com amuras a bombordo(1). Depois, numa guinada de 90 graus, cortava a linha do vento e navegava com amuras a boreste(2), quando de repente avistei um náufrago. Imediatamente pus o barco a capa, isto é, baixei a vela. Manobrando o leme, dei uma guinada, aproximando-me do colete salva vidas com uma cabeça humana que surgia boiando sobre as ondas. Debrucei-me na borda do saveiro e recolhi o náufrago, percebendo tratar-se de uma desfalecida jovem que deveria ter caído de uma escuna ou lancha de farristas pelo hálito que ela exalava.
Comecei logo a tomar todas as medidas que conheço para proteger um náufrago embarcado. Despi-lhe rapidamente de todas as roupas, enrolando-a em uma grossa malha, ao tempo em que lhe enxugava os cabelos, friccionando bem a sua cabeça. Como ela tremia de frio, enlacei-a nos braços, apertando o seu corpo contra o meu para aquecê-lo. Neste momento tomei consciência de que não se tratava de um simples náufrago, mas sim de um delgado corpinho feminino, totalmente prisioneiro dos meus braços.
A sua cabeça descansava nos meus ombros espalhando os seus compridos cabelos loiros sobre as minhas costas. Esse contato aumentou o calor do meu corpo, podendo mais rapidamente aquecer aquele manequim 38 de carne tenra e rósea, parando de tremer.
Deitei-a sobre o banco e fui desenrolando-a aos poucos, enxugando-a com a toalha. Agora eu já admirava o espetáculo que tinha diante dos meus olhos. Um corpinho de uns 19 ou 21 anos, róseo, queimado pelo sol da manhã, deixando visível as marcas do biquini que eu havia despido.
Nesse instante eu tomei consciência de que travava no meu subconsciente uma luta terrível entre o bom senso que era o tratamento respeitoso com um náufrago, dando-lhe toda a assistência devida e, do outro lado, o desejo irrefreável que aquele quadro me despertava.
Não pude resistir. Encostei o rosto naquelas carnes viçosas e, profundamente fui aspirando o perfume que dela exalava. Os meus lábios mordiscavam de leve transmitindo todo o calor que crescia dentro do meu corpo. Para ela foi bom porque deixou de tremer, o que me encorajou a continuar as incursões em direção às suas partes mais íntimas, sempre numa tentativa de despertá-la. Aos poucos fui descobrindo e beijando os lindos e pequeninos seios bicoloridos. Em seguida a barriga e o ventre, continuando até a vulva, quando quedei extasiado diante de tanta beleza. Era o mais belo e perfeito aparelho genital que eu havia visto até então. Assemelhava-se a uma flor, tão lindo e tão macio. O camarão rosa existente ao longo de toda a costa brasileira é o petisco preferido dos baianos. Seria aquela vagina rosa como o camarão, o prato preferido dos deuses que por descuido deixaram cair?
Sem que antes eu percebesse, a surriada estava nos molhando, pois os respingos de água provocados pelo choque das ondas contra o costado do barco atingia-nos. Retirei a minha roupa e enrolei-me em uma toalha e, como a náufraga recomeçasse a tremer de frio, sentei-me no lastro do barco e coloquei-a no colo com as pernas abertas em volta do meu corpo. Abri as toalhas para que nossos corpos se unissem e eu pudesse transmitir todo o calor que de mim emanava e gradativamente aumentava por causa do incontrolável desejo que dentro de mim crescia ao contato com aquele gracioso e esbelto corpinho.
Por efeito das ondas, o barco balouçava no sentido de proa a poupa. Esta arfagem faz com que a proa assuma movimento ascensional, coincidindo com o meu mastro cuja ascensão já tinha chegado ao máximo.
Resultando da arfagem, acontece a cabeçada que é o afundamento da proa na água. Isto acontecia também conosco. Eu estava afundando em águas bem íntimas. Perfeitamente previsível tal acontecimento. Dois corpos unidos, um sentado sobre o outro, uma vagina bem umedecida, um pênis bem ereto e um desejo grande.
Mal acabei de penetrá-la profundamente. o que a posição bem facilitava, abracei-a fortemente e, não pude mais me controlar, ejaculei abundantemente. O calor daquele líquido quente acabou por reanima-la, fazendo despertar totalmente e, ao deparar-se comigo a abraça-la, assustou-se momentaneamente, mas ao sentir meu corpo quente unido e dentro do seu, passou da sensação de susto á de prazer e, comprimindo-me com sua vagina, começou a rebolar os quadris e a realizar movimentos ascendentes e descendentes, qual um leve caiaque a surfar em ondas tempestuosas.
Essas volúpias reavivaram o meu prazer, fazendo-me enrijecer ainda mais, alegrando o que já começava a entristecer.
Seus braços enlaçados em meu corpo começaram a apertar-me mais e mais. Seus pés cruzaram-se às minhas costas e suas quentes coxas comprimiram-me, fazendo-me sentir que ela aproximava-se do orgasmo. Parei de controlar-me e entreguei-me, sem mais delongas, à correspondência daquele prazer desfrutado a dois.
Quedamo-nos imóveis, exaustos por termos galgado o ápice do prazer, sentados e abraçados. Ela deitara sua cabeça no meu ombro e parecia cochilar. A chuva caía e molhava-nos mas, nada sentíamos, estávamos inebriados.
Quando aportamos no Cais Cairu, ela despediu-se de mim, sem dizer-me quem era, onde morava e o que aconteceu. Nunca mais a vi e se não fosse o colete salva vidas esquecido em meu barco, eu diria que tive uma alucinação.
Creio firmemente que o deus Netuno presenteou-me com tal preciosa dádiva em agradecimento à minha parcela de colaboração para a fama da BAIA DE TODOS OS PRAZERES.
(1) O lado esquerdo da embarcação
(2) O lado direito da embarcação