Especialista esclarece sintomas, diagnóstico e como manter uma alimentação equilibrada e saborosa livre de glúten
A Doença Celíaca é uma condição autoimune crônica ainda cercada de mitos e pouco conhecida por grande parte da população. São vários os desafios enfrentados por quem convive com a intolerância ao glúten e são importantes o diagnóstico correto, o acesso à informação e a empatia social.
Segundo a professora Flávia de Branco, do curso de Nutrição da Una Uberlândia, a doença celíaca se manifesta com uma ampla variedade de sintomas, nem sempre associados ao sistema digestivo. “Os mais comuns são dor abdominal, diarreia, distensão, perda de peso e cansaço. Mas também há sinais fora do intestino, como anemia, osteoporose, alterações de humor e até problemas de pele. Isso dificulta o diagnóstico, que muitas vezes é tardio”, explica.
O tratamento exige uma dieta 100% livre de glúten, proteína presente no trigo, cevada e centeio. Mas isso não significa abrir mão do sabor ou da nutrição. “É totalmente possível ter uma alimentação equilibrada e gostosa sem glúten. Frutas, legumes, arroz, feijão, carnes e ovos são naturalmente seguros. Hoje, há também farinhas alternativas, como as de arroz e de amêndoas, e produtos industrializados específicos. A atenção aos rótulos, no entanto, é fundamental, já que muitos alimentos contêm traços de glúten por contaminação cruzada”, orienta.
A nutricionista destaca que restaurantes e comércios ainda não estão totalmente preparados para atender essa população. “A contaminação cruzada é um risco real, que pode acontecer no preparo ou no manuseio dos alimentos. Por isso, é importante que os estabelecimentos tenham preparo exclusivo ou, ao menos, informação clara para garantir a segurança alimentar dos celíacos”, aponta.
A professora também faz um alerta sobre o uso indevido da dieta sem glúten. “Muita gente tira o glúten da alimentação por conta própria, acreditando que é mais saudável. Mas isso pode levar a deficiências nutricionais, especialmente se não houver orientação profissional. A dieta glúten-free deve ser feita apenas com indicação médica e acompanhamento nutricional”, esclarece.
Para crianças diagnosticadas, Branco recomenda acolhimento e adaptação com leveza: “É preciso envolver a criança, mostrar que ela pode comer bem e de forma segura. Também é essencial orientar a escola e familiares para evitar acidentes alimentares”.
A informação e a empatia da sociedade são grandes aliadas. “Essa dieta não é modismo. É uma necessidade de saúde. Quanto mais as pessoas entenderem isso, mais seguras e incluídas as pessoas celíacas estarão nos ambientes sociais”, conclui.
Se você desconfia da doença ou está iniciando uma dieta sem glúten, o recado da nutricionista é claro: “Não comece a restrição sozinho. Procure um médico e um nutricionista. Fazer o diagnóstico correto enquanto ainda consome glúten é essencial para que os exames funcionem. E com o acompanhamento certo, a transição para uma vida sem glúten pode ser leve, nutritiva e cheia de sabor.”
Dica de Receita: Muffin de chocolate
Ingredientes:
150g de biomassa de banana verde;
4 ovos inteiros;
3 colheres de sopa de açúcar demerara;
2 colheres de farinha de aveia sem glúten;
1 colher de chá de fermento em pó;
4 colheres de sopa de cacau 100%.
Modo de preparo:
Pré-aqueça o forno a 180°C;
Misture os ingredientes úmidos;
Adicione os ingredientes secos;
Misture bem até formar uma massa homogênea;
Distribua a massa nas forminhas, preenchendo cerca de 2/3 de cada uma;
Asse por 20-25 minutos ou até que os muffins fiquem dourados;
Espere esfriar um pouco antes de servir.