Por Vinicius Jacob
Você me fez lembrar sobre um verão que eu vivi importante, em 1992. Salvador fervilhava de opções. Existia uma grande segurança, então as pessoas iam para as ruas, descomprometidas, sem intenções. Eu me lembro que existiam muitas boates. De dia você tinha as praias do Farol da Barra e do Porto da Barra, que eram as mais badaladas. Ou se você queria ir para uma praia mais longe, como Stella Mares, Praia do Flamengo, ia no Padang-Padang, um bar fantástico, uma barraca de praia frequentada por surfistas, super badalado na época. Praia muito bonita, povo muito bonito, povo cortês.
Na volta se preparava para curtir a noite, que era nas boates. Eu frequentava as boates e bares que existiam como Hipopotamos, ali em Ondina, boate do Hotel Salvador, Boate Champagne, tinha também a boate Tropicália, na Associação Atlética, barzinhos que funcionava 24 horas, que funcionavam o tempo todo, você podia beber à vontade.
O verão do Farol ao Porto da Barra era fantástico. Tinha o Bar Berro D’ Água, no Porto da Barra, onde artistas que frequentavam, artistas como Caetano, Maria Betânia, Gal Costa. A praia do Porto era todos os dias do verão, muita gente, mas não era muito lotada.
No verão, o carnaval começa com a Lavagem do Porto da Barra, onde tinha trio elétrico com Netinho que parava no larguinho do Porto da Barra. Ricardo Chaves abria oficialmente o carnaval da Barra, que não era de bloco. Os blocos transitavam mais no centro da cidade, no circuito Campo Grande-Praça Municipal.
Depois dessa farra, você tinha duas opções para se alimentar: Baitacão, uma lanchonete incrível com um super sanduiche e suco de frutas na Amaralina, ou se você quisesse alguma comida mais forte, você ia para Sete Portas comer uma feijoada com mocotó ou em uma kombi que tinha do lado do Clube Português, chamada Quatro Rodas. Era o lugar na madrugada para repor as energias.
Então esse verão de 1992 foi um verão que marcou a minha vida. Nesse verão eu conheci a minha esposa, Flávia Guerreiro. São 30 anos de relacionamento. Memória de uma Salvador pulgente, segura, uma Salvador que respirava carnaval desde do dia 4 de dezembro, que é a abertura das festas de largo. Em seguida, começava o carnaval.
Vinicius Jacob
Historiador, professor de história, com especialização em História da Bahia