Crédito com garantia em outras obras de arte registra retorno anual de 35%
Uma nova operação de investimento realizada pela Artk, originadora de investimentos em obras de arte da Hurst Capital, resultou em um retorno de 35% ao ano para os investidores.
A transação, realizada por meio de certificados de recebíveis, consiste na concessão de crédito com garantia lastreada em obras de arte, com o propósito de viabilizar a participação de galerias em feiras internacionais.
“As obras de arte brasileiras têm tido grande aceitação internacional, mas o custo da participação nas feiras mundiais é muito elevado, o que impede uma maior adesão”, explica Ana Maria Lima de Carvalho, Head de Investimento em Obras de Arte da Artk.
De acordo com a 7ª Pesquisa Setorial do Mercado de Arte no Brasil 2024, realizada pelo projeto Latitude, o custo com feiras representa até 25% das despesas anuais das galerias. Para 90% dos galeristas o valor cobrado é o principal obstáculo para participar. Como o sucesso financeiro dessas participações depende da venda das obras, os riscos operacionais são altos e podem comprometer o fluxo de caixa da galeria.
A solução proposta pela Artk foi oferecer crédito atrelado ao desempenho da feira. “Na prática, assumimos tanto a participação nos lucros quanto nos riscos dessa operação comercial, uma vez que o crédito concedido está respaldado por alienação fiduciária de determinadas obras de arte previamente especificadas”, afirma Ana Maria.
Ela destaca que, para uma instituição oferecer crédito com garantia em arte, é necessário conhecimento técnico específico: “Na Hurst, já transformamos obras de arte em ativos estruturados há mais de cinco anos. Isso exige um processo rigoroso de valuation, que leva em conta o momento do artista, liquidez futura e precificação nas galerias internacionais”, diz. A venda internacional visa apresentar maior rentabilidade ao investidor neste cenário de inflação e altas taxas de juros.
Hoje, as feiras de arte internacionais mais importantes para os artistas do Brasil são a Art Basel em Miami (EUA), Basileia (Suíça), Paris (França) e Hong Kong, ao lado das feiras Frieze que ocorrem em Londres (Inglaterra), Nova Iorque, Los Angeles (EUA) e Seul (Coreia do Sul). Em todas estas, cerca de 3 a 10 galerias brasileiras participam. No entanto, outros movimentos importantes ocorrem em feiras como Tefaf, The Armory Show, Untitled Miami e ExpoChicago, cujos valores são mais acessíveis aos galeristas brasileiros e trazem bons resultados comerciais.
Os últimos dois anos têm sido um período de grande destaque para a arte brasileira na cena internacional. Neste momento, por exemplo, a artista Beatriz Milhazes está em exposição no Guggenheim em Nova York, Lucas Arruda com exposição solo no Museu D´Orsay, e Lygia Clarck com uma retrospectiva histórica no Neue Nationalgalerie em Berlim que abre neste dia 23 de Maio. O Museu e Biblioteca da Sociedade Hispânica está com a exposição de novas pinturas e esculturas da renomada artista Adriana Varejão.
Atualmente, 56% das exportações de arte do Brasil tem os Estados Unidos como destino. Em 2023, houve um aumento de 24% no valor das exportações, o que indica uma expansão relevante no mercado externo.
Segundo a pesquisa do projeto Latitude, em 2023, o mercado de arte no Brasil alcançou um valor total estimado de aproximadamente US$ 580 milhões, um crescimento de 21% em relação ao ano anterior. O país representa 0,89% do mercado global.
“O reconhecimento do Brasil como um dos países de maior potência estética do modernismo tardio resulta em uma alta valorização de obras de arte e itens de mobiliário modernista na cena internacional. Dentre eles podemos citar Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Volpi e Rubem Valentim e outros artistas reposicionados como Firmino Saldanha e Lorenzato”, conclui Ana Maria.