Por Rosana Andrade
Tinha um pé de acerola no quintal de uma das casas que morei, um dia meus filhos estavam colhendo as frutinhas e fizeram uma fila das melhores, meu filho então escolheu a “acerola perfeita”. Dava até pena de comer. Mas, se ela ficasse ali, sendo admirada, iria apodrecer e não seria mais perfeita e nem serviria para ser consumida.
O que é perfeito para nós? E para os outros?
Somos empurrados para padrões de perfeição, como se fossemos fabricados em uma linha de produção. Na busca por esse ideal utópico, vemos peles esticadas em demasia, lábios, faces desproporcionais em rostos que antes tinham expressão. Fígados, rins, entre tantos órgãos sobrecarregados de vitaminas e chás milagrosas, suplementos super turbinados, que se espalham em recomendações genéricas, como se tudo servisse para todos.
Fico aqui na minha, só observo. Cuido de mim para que quando eu olhe no espelho eu me sinta bem. A minha perfeição só é perfeita para mim mesma. E acredito que deveria ser assim com todo mundo, cada um com seu perfeito.
De que adianta ser uma “acerola perfeita” e ter que ficar ali parada, sendo admirada, sem nenhuma utilidade? De que adianta o corpo perfeito, a pele perfeita, o rosto harmonizado, dentes de porcelana, se não posso nem sonhar com um inocente brigadeiro, um solzinho na praia ou uma taça do meu vinho favorito? Para mim não faz sentindo.
Não desencorajo os cuidados que devemos ter com nossa saúde, longe disso. Até porque eu cuido da minha alimentação, faço exercícios físicos, etc. O que não compactuou é com os excessos, que nos deixam engessados. Somos indivíduos, cada um com uma necessidade específica, precisamos achar o nosso equilíbrio em tudo na vida.
Que possamos ser acerolas variadas, não perfeitas, mas admiradas por nossa essência!