Por Kátia Camilo
A palavra “voluntário” é muito conhecida e a maiorias das pessoas sabem o seu significado. É interessante notar como as pessoas afirmam que são voluntárias, mesmo sem ter a experiência da prática de qualquer trabalho voluntário ou ter se envolvido em ações sociais.
Isso significada que existe um desejo e uma vontade no coração das pessoas de se voluntariar, de fazer algo especial para alguém ou para alguma Instituição. Todos aprovam a prática do voluntariado e querem participar.
Porém, antes de desenvolver qualquer entendimento, vamos descobrir o verdadeiro significado da palavra voluntário: é um substantivo masculino que define a pessoa que se compromete com um trabalho, ou assume a responsabilidade de uma tarefa, sem ter a obrigação de fazê-lo ou ser remunerado para sua execução.
O trabalho voluntário é definido pela lei nº 9.608/1998 e se configura numa atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada sem fins lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.
Para que o trabalho seja considerado voluntário, tem que estar de acordo com o estabelecido em lei, e existir a assinatura de um Termo de Voluntariado, caso contrário, o trabalho será considerado remunerado. É importante que as Instituições que recebem voluntários observem e cumpram as regras descritas na Lei do Voluntariado, para se eximirem de problemas trabalhistas futuros.
Além do que está previsto na legislação federal e estadual, o trabalho voluntário tem características que devem ser observadas por todas as instituições que desejam receber voluntários, assim sendo, a atividade não pode ser imposta ou exigida como contrapartida de algum benefício concedido pela entidade ao indivíduo; o trabalho não pode ser remunerado, embora seja permitido o ressarcimento das despesas do voluntário; ser prestado por pessoa física, isoladamente, e não como “subcontratado” de uma organização da qual o indivíduo faça parte; a atividade deve ser prestada para entidade governamental ou privada, sendo que estas devem ter fim não lucrativo e voltado para objetivos públicos.
Ultrapassada estas primeiras linhas sobre o voluntariado, de grande importância para diferenciar o trabalho remunerado do não remunerado, vamos discorrer sobre a alegria e a beleza de levar para o seu dia a dia o prazer e a responsabilidade de agir por um bem maior.
É com esse espírito de generosidade e doação voluntária, que independe de instituições religiosas ou governamentais, que o indivíduo se disponibiliza a fazer uma ação social.
No momento estou como coordenadora de um programa estadual de voluntariado chamado: “Bahia Estado Voluntário”, onde qualquer pessoa ou instituição pode se cadastrar pelo site www.estadovoluntário.ba.gov.br. Este programa iniciou em 24 de setembro de 2019, a partir do Decreto Estadual nº 19.262 que, em consonância que a legislação federal, estabeleceu os parâmetros do voluntariado na Bahia, trazendo uma plataforma tecnológica como ferramenta para quem quiser utilizar. Hoje, se uma pessoa quiser se voluntariar para alguma ação social, a plataforma oferece mais de 2500 projetos em várias regiões do estado.
A plataforma do programa de voluntariado veio com a proposta de alavancar a cultura do voluntariado no estado da Bahia. A adesão de voluntários que se inscrevem na plataforma e se oferecem para ajudar pessoas e instituições, cresce a cada dia. Em apenas 4 anos, 18.915 mil pessoas já se inscreveram e 1.535 instituições se cadastraram, aumentando a participação cidadã dos baianos em projetos sociais, contribuindo para o crescimento da cultura e da prática do voluntariado.
A experiência de estar à frente de uma plataforma de voluntariado, traz o conhecimento e a sensibilidade de um mundo de oportunidades e necessidades de nossa sociedade baiana. As oportunidades se traduzem na experiência que os voluntários alcançam ao se disponibilizar nos projetos sociais e a necessidade das instituições em receber ajuda.
São muitas as oportunidades e os benefícios alcançados pelos voluntários. Podemos começar com a valorização do currículo para o mercado do trabalho. As empresas no Brasil e no exterior valorizam o currículo social do indivíduo. Analisam não somente a competência técnica para o trabalho, mas o quanto aquele candidato pode agregar valor a empresa.
Com o trabalho voluntário o jovem profissional pode adquirir experiência na sua área de formação, enriquecendo o currículo profissional e garantido um forte diferencial nos casos de empate pela mesma vaga no mundo empresarial, como conseqüência ainda estará fortalecendo seu networking, pois o voluntário estará em contato com outras pessoas e culturas, evoluindo seus conhecimentos; o trabalho voluntário leva o indivíduo a conviver com realidades diferentes e esta experiência será indescritível, pois mostra a necessidade de se aproximar, aprender e contribuir com boas ideias para melhorar e tornar o mundo um lugar melhor.
Somando todas as vantagens de ser voluntário, ainda podemos ressaltar o exercício da empatia e a habilidade de lidar com pessoas, ser liderado e saber liderar. É um exercício fundamental para quem quer se preparar para ser um bom líder.
Porém não posso deixar de ressaltar que a experiência mais importante e transformadora de se atuar como voluntário, é que esta pequena ação de bondade e fraternidade, traz um retorno imediato e o indivíduo começa a perceber que ele pode fazer a diferença na vida de outras pessoas, sejam elas: crianças, adultos, idosos, pessoa com deficiência, enfermos, acamados; podendo atuar: ensinando, salvando vidas, aconselhando, mostrando artes, esportes, música, artesanatos e milhares de outras atividades.
Temos visto como a ação do voluntariado transforma vidas, traz alívio a quem tem dor, dá esperança, dá conforto e dá amor. Não há prazer maior do que colher os frutos de um trabalho voluntário praticado com dedicação, responsabilidade e amor. Sabendo que no exercício do voluntariado, quanto mais se dá, mais recebe.
Seja voluntário!