Música, filmes e séries no streaming puxam consumo e marcam liderança do on-line. Podcast experimenta crescimento, alavancado por jovens. Apresentações artísticas, cinema, museus, centros culturais e outras modalidades de eventos também avançamOs brasileiros passaram a fazer mais atividades culturais em 2023 no comparativo com 2022.
O crescimento foi puxado por consumo on-line, mas atividades presenciais como apresentações artísticas, exposições e visitas a museus e centros culturais também registraram forte crescimento, segundo aponta a quarta edição da pesquisa Datafolha/Fundação Itaú sobre Hábitos Culturais no país.
De acordo com o levantamento, 96% dos entrevistados declararam ter realizado atividades culturais em 2023, entre on-line e presenciais. Quando questionados se realizaram as atividades antes de 2023, o índice verificado é de 89%. A pesquisa ouviu 2.405 pessoas de 16 a 65 anos em todas as regiões do país, por meio de entrevistas presenciais e telefônicas, entre os dias 1º e 28 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
O índice de confiança da pesquisa é de 95%. Cada ponto percentual representa 1,4 milhão de indivíduos. “Estamos vivendo um ano importante para a retomada da economia da cultura, com a consolidação da volta do público e a reativação plena dos equipamentos”, diz Jader Rosa, superintendente do Itaú Cultural. “A pesquisa traz luz a este novo momento e reafirma o nosso compromisso de oferecer dados e evidências sobre este segmento tão importante para a economia e o bem-estar dos brasileiros”, completa Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú.
De acordo com a pesquisa, ouvir música e assistir filmes e séries em plataformas de streaming são as atividades culturais mais realizadas pelos brasileiros. 82% dos entrevistados declararam ter ouvido música em plataformas digitais em 2023. O número permaneceu estável, em patamar elevado, frente a 2022, quando o índice era de 80%. Já o consumo de filmes e séries on-line avançou de 70%, no ano passado, para 74% dos indivíduos entrevistados este ano.
O consumo de música on-line é de 92% nas classes A/B e de 70% nas D/E. A distância aumenta, entretanto, no caso de streaming de filmes, com 89% da amostra nas classes A/B e 45% nas D/E. O consumo de podcasts foi outro destaque do levantamento. O produto caiu no gosto dos brasileiros e 48% dos entrevistados dizem ter realizado este tipo de atividade em 2023. Em 2022, o índice era de 42%. Nas regiões metropolitanas em geral, mapeadas pela pesquisa, o índice é de 50% e, no interior do país, os podcasts alcançaram 46% dos indivíduos.
A maior parte dos ouvintes deste tipo de plataforma se concentra na faixa de 16 a 24 anos, estrato em que 64% dizem ter acessado programas do gênero. A audiência também é concentrada nas classes A/B, segmento em que 72% afirmam ouvir podcasts. Os que menos escutam podcasts são os indivíduos de 45 a 65 anos, estrato em que apenas 33% dizem consumir estes conteúdos, e indivíduos das classes D/E, segmento onde o alcance é de apenas 26%. A leitura de livros on-line e e-books também experimentou crescimento, segundo o levantamento Datafolha/Fundação Itaú.
A leitura desses produtos em telas saltou de 30% dos indivíduos, em 2022, para 42% da amostra na pesquisa de 2023. O hábito foi puxado pelo Sudeste, onde 48% declararam ter realizado a atividade, e pelas regiões metropolitanas (46%). Na região metropolitana de São Paulo, o índice chega a 51%.
No interior do país, o hábito tem menor alcance, apenas 38%. Os livros on-line e e-books são mais acessados por mulheres (44%) do que pelos homens (39%). Aqui também os jovens puxam o consumo: 63% dos indivíduos de 16 a 24 anos declaram que tiveram contato com este tipo de produto, contra 28% entre o público de 45 a 65 anos. Mais uma vez, o recorte por classes apresenta diferença significativa. A atividade foi mais intensa nas classes A/B (62%) do que nas D/E (22%).
Atividades presenciais
Embora o on-line tenha se consolidado na liderança, as atividades de cultura também avançaram em outras frentes em 2023. O principal salto se deu na vivência de apresentações artísticas (música, dança e teatro) que passaram a ser realizadas por 45% dos entrevistados, índice 27 pontos percentuais maior que os 18% verificados em 2022.
Também houve crescimento do público de cinema (33% viram algum filme na telona, contra 26% em 2022), de exposições e museus (26% este ano, contra 8% em 2022), centros culturais (19% agora contra 11%), teatro infantil (24% frente a 18%), bibliotecas (14% contra 11%) e de seminários (17% este ano contra 13% em 2022). Oficinas de criação para crianças também viram o público aumentar em 2023 (de 7%, em 2022, para 10%), mesmo fenômeno verificado no caso de saraus de poesia, literários ou musicais, nos quais o público expandiu de 6% para 12%, entre 2022 e 2023.
Declínio e estabilidade
Enquanto a maioria das atividades culturais registrou maior aderência de público, o acesso a cursos on-line, que fez grande sucesso durante a pandemia, desabou. Em 2021, 41% afirmaram fazer cursos de cultura nas plataformas on-line. Em 2022, o índice declinou para 28% e, em 2023, a atividade foi mencionada por apenas 14% dos entrevistados. A estabilidade ficou com os jogos on-line. 40% da amostra ouvida pelo Datafolha diz que praticou jogos on-line em 2023. O índice era de 39% em 2022. A audiência dos webinares também estacionou na casa de 24%, mesmo patamar, dentro da margem de erro, de 25%, verificada em 2022.
Gráficos de referência